O páraquedismo é um dos esportes que proporciona adrenalina e emoção para os que buscam fugir da rotina
Por: Mari Oliveira
A ambição de voar acompanha a história do homem. A mitologia grega retrata algumas experiências com esse sonho de conquistar os céus como no mito de Ícaro. Séculos de experiências municiaram o homem com tecnologia para conquistar os céus. Mas, como tudo que sobe, também desce ou pior, cai, os inventores se preocuparam em criar um equipamento que permitisse ao audaz homem pássaro sobreviver a uma queda de, por exemplo, dez mil pés, o equivalente a 3.048 metros de altura. Assim surge o paraquedas.
Inicialmente tido como improvável ferramenta de sobrevivência, o páraquedismo, que surgiu como tentativa de vôo, ganhou notoriedade nas guerras quando mostrou proteção aos tripulantes dos aviões. Hoje, a técnica ganhou status de esporte e é praticado por milhares de pessoas em todo o mundo. Com clubes especializados em saltos e equipamentos modernos, qualquer um que tenha dinheiro e principalmente coragem pode desfrutar dessa aventura.
A Revista Sol Esportes acompanhou a equipe Mergulho no Céu em um dos dias que o grupo costuma saltar no Aeroporto Civil em Anápolis Goiás. Os alunos saltam por ordem de agendamento. Eles assinam o termo de responsabilidade e aguardam para subir no avião. Hiran Trindade, 25, estava em busca de renovar as emoções e veio de Brasília-DF exclusivamente para saltar. “Não vejo a hora de receber as instruções e decolar no avião”, diz o servidor publico.
Hiran tem vontade de saltar desde o ano passado e no aniverssário deste ano resolveu com uma amiga que saltariam juntos. “Estou muito ansioso desde ontem, não dormi direito, passei a semana toda pensando no salto”. Quando o servidor publico chegou ao chão após o salto descreveu o que sentiu durante o salto de paraquedas. “É incrível a sensação e indescritível a emoção” conclui.
Julia Jensen, 24, faz mestrado em Natal, no Rio Grande do Norte, e também se deslocou até o Aeroporto Civil para fazer seu primeiro salto de paraquedas. “Valeu a pena vim saltar, a sensação é perfeita”. Após a decolagem o aluno sobrevoa a região de Anápolis por cerca de 25 minutos. Ao atingir 10.000 pés, ou 3.048 metros de altura, a porta do avião Cessna 182 – Skylane se abre para cima e o aluno salta preso ao instrutor. A queda livre dura cerca de 35 segundos a uma velocidade de 200km/h.
Na altura correta o instrutor aciona o paraquedas e o aluno aproveita um vôo muito tranquilo de aproximadamente sete minutos até o pouso na própria pista do Aeroporto. O piloto Jonatas Nunes, é o responsável por levar os alunos para o salto. Ele descreve o modelo da aeronave utilizada pela escola. “A aeronave é devidamente homologada pelo CTA, contando com todos os acessórios para a prática segura do esporte. A aeronave é um Cessna 182 – Skylane, mundialmente conhecido por ser um dos monomotores mais seguros do mundo” informa.
O também piloto e paraquedista Pirão, 26, faz parte da equipe Mergulho no Céu e explica que o salto duplo é a melhor maneira para ter o primeiro contato com o esporte. Ele avisa que as pessoas podem saltar a partir dos 15 anos e que os instrutores que atuam nesta modalidade possuem no mínimo 1000 saltos, além de serem homologados pela Confederação Brasileira de Paraquedismo. Os instrutores são responsáveis por todos os comandos do salto.
Pirão saltou pela primeira vez com 15 anos, foi para os Estados Unidos para fazer o curso de paraquedista e quando voltou, aos 17 anos, entrou na faculdade para ser piloto. Para o paraquedista nenhum salto é igual. Segundo ele, a drenalina é sempre diferente.
O paraquedismo não é um esporte barato, segundo Helio Rubens Costa Alves, 35 anos, proprietário da Escola Mergulho no Céu, o kit que contém: paraquedas, mochila, macacão, capacete, óculos e o altímetro, custa em média US$ 6 mil. “Como todo o equipamento vem de fora, o Brasil não fabrica esses produtos, o preço é alto” informa.
Salto
Antes de subir no avião o candidato ao salto recebe orientações. Enquanto isso um dos instrutores da escola dobra o paraquedas para o salto. Helio acredita que a arte de dobrar um paraquedas é extremamente importante para reduzir os custos do equipamento. Ele afirma que para dobrar o paraquedas principal leva em média 15 minutos e o paraquedas reserva meia hora, isso porque segundo ele o reserva tem que ser dobrado com muito mais atenção e precisão. “O paraquedas reserva precisa ser dobrado a cada seis meses, mesmo não sendo utilizado, isso evita uma anormalidade” conclui.
Todos os detalhes são importantes para os praticantes deste esporte. O cuidado com o equipamento é valido para garantir a segurança de quem salta e consequentemente reduzir o custo de manutenção no equipamento é uma das funções da equipe. Segundo avaliação técnica, um paraquedas dura em média dois mil saltos, sem precisar de manutenção e isso também depende do zelo do paraquedista e do trabalho de quem dobra.
Foto: Mergulho no Céu
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