Dinamização mental

"Quando o teu conhecimento se libertar de qualquer ilusão, então compreenderás a verdade daquilo que ouviste e ainda ouvirás, e te possuirás a ti mesmo imperturbavelmente. Anuviu-se a tua mente e dúvidas se apoderaram de ti; quando deste ouvidos a opiniões contraditórias; quando ela se tornar pura, iluminada e firmemente estabalecida no EU, então atingirás a tua auto realização. Quando alguém permanece calmo e sereno no meio de sofrimentos, quando não espera receber do mundo objetivo permanete felicidade e quando é livre de apego, medo e ódio - então é ele um homem de perfeita sabedoria. Quando não é apegado a um e indiferente a outro; enquanto não se alegra em excesso com o que é agradável, nem se entristece excessivamente com o que é desagradável - então é ele um homem de perfeita sabedoria. Portanto o sábio não se entristece com nada, nem por causa dos mortos, nem por causa dos vivos. Quando os sentidos estão identificados com objetos sensórios, experimentam sensações de calor e de frio, de prazer e de sofrimento - estas coisas vêm e vão; são temporárias por sua própria natureza. Suporta-as com paciência! Mas quem permanece sereno e impertubável no meio de prazer e sofrimento, somente esse é que atinge imortalidade. O que é irreal (ex: amor) não existe, e o que é real nunca deixa de existir. Os videntes da Verdade compreendem a íntima natureza tanto disto como daquilo, q diferença entre o Ser e o parecer. A essencia não pode parecer, nem morre ainda que as formas pareçam. Quem pensa sempre em objetos sensórios apega-se a eles. Desse apego nasce o prazer e o prazer gera inquietação. A inquietação produz ilusão; a ilusão destrói a nitidez da discriminação, esquece-se o homem da sua natureza espiritual - e com isto vai rumo ao abismo. Mas o homem que possui domínio sobre o mundo dos sentidos e da mente, sem odiar nada nem se apegar a nada, orientado pelo Eu central, esse encontra a paz. Essa paz neutraliza todas as inquietações, e o homem que goza de paz, goza verdadeira beatitude - e acaba por superar também os males externos. Homem de perfeita sabedoria é aquele que possui perfeito domínio sobre seus sentidos com relação aos objetos sensórios. "

terça-feira, 19 de abril de 2011

PARAOLÍMPIADAS - Limitação não significa incapacidade


Exemplos não faltam. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas, 10% da população brasileira é portadora de limitações, sejam elas físicas ou psicofísicas

Por: Mari Oliveira
É grande o numero dos portadores de deficiência física que praticam algum esporte devido ao benefício da reabilitação, saúde e auto estima. Os portadores de necessidades especiais convivem com uma certa desvantagem, resultado de uma incapacidade ou de um comprometimento ao qual limita o desempenho motor de determinada pessoa, porém, não significa invalidez social.
A prática de exercícios para os deficientes físicos representa uma ampliação de interação social, o que leva qualquer deficiente a superar a si próprio e a melhorar a sua vivencia por meio de trocas e de experiências. Para agregar atletas que se destacam foi criado um campeonato exclusivo, os Jogos Paraolímpicos, com provas restritas a atletas com deficiências físicas, visuais ou mentais. Os primeiros jogos para atletas com deficiência realizaram-se em Roma, em 1960. As Paraolímpiadas de Inverno realizaram-se em Örnsköldsvik, na Suécia, em 1976. Hoje este universo paraolímpico faz parte da nossa realidade e atletas goianos que são destaque no cenário nacional e internacional nos dão exemplo de superação e força.
O coordenador de esportes da Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás - ADFEGO, Jaire Reis, conta que em Goiânia existem oito modalidades esportivas a nível nacional e mundial: atletismo, halterofilismo, natação, basquete em cadeira de roda, tênis de mesa, futebol para amputados, vôlei sentado e ciclismo.
Segundo Jaire, estas modalidades têm competições em nível regional, nacional e internacional. “As modalidades têm suas Confederações Nacionais que é o órgão maior que gerencia o esporte no Brasil e todos os eventos que participamos é reconhecido por estas instituições”, ressalta.  A ADFEGO é uma instituição filantrópica, que objetiva a reintegração social através do esporte, além disso, a organização oferece infraestrutura aos atletas para viabilizar a participação deles em campeonatos.
Os associados contam também com uma clinica de reabilitação que funciona no local. Lá são feitos sete mil atendimentos por mês. “Hoje existem 54 fisioterapeutas que também trabalham para cada modalidade esportiva”. Mas existe a dificuldade física e financeira. Jaire Reis revela que não existe um trabalho de base para dar sustentabilidade aos atletas iniciantes. De acordo com ele, no Brasil é muito comum obter reconhecimento depois que o atleta está entre os melhores.  “Hoje os grandes atletas são independentes financeiramente pelo fato deste reconhecimento, que só vem depois de um longo caminho”,  afirma.
Jaire conta que hoje existem algumas leis que direcionam recursos para a manutenção da prática esportiva. “Tem a bolsa federal, estadual e tem alguns projetos que visam à captação de recursos para o desenvolvimento do esporte no Brasil”.   Porém estas bolsas só valem para os atletas que estão no ranking. “Se o atleta fica entre os três colocados, ele terá direito a uma bolsa federal. A renovação desta bolsa é anual e se baseia no ranking”, conclui.
Jaire Reis - Coordenador da ADFEGO - GO

As modalidades
Tênis de Mesa
O professor de tênis de mesa, Lincoln Lacerda, treina 22 atletas na ADFEGO que participam de campeonatos estaduais, regionais, nacionais e internacionais. Na instituição treinam seis que jogam pela seleção brasileira, (Linconl Lacerda, Marcilio Teixeira, Jane Carla, Roberto Alves, Jocerlei Moreira e Renata Benevides) alguns já jogaram o mundial, outros já competiram na paraolimpíada e em 2010 o grupo foi  vice-campeão do Troféu Eficiência. Ele conta que no tênis de mesa podem participar atletas do sexo masculino e feminino com paralisia cerebral, amputados e cadeirantes. As competições são divididas entre atletas andantes e cadeirantes. Os jogos podem ser individuais, em duplas ou por equipes.
Lincoln explica que as partidas consistem em uma melhor de cinco sets, sendo que cada um deles é disputado até que um dos jogadores atinja 11 pontos. Em caso de empate em 10 a 10, vence quem primeiro abrir dois pontos de vantagem. “A raquete pode ser amarrada na mão do atleta para facilitar o jogo. Em relação ao tênis de mesa convencional existem apenas algumas diferenças nas regras”, afirma. No Brasil, a modalidade é organizada pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM).
O treinador diz que no paradesporto a maioria dos deficientes pensam que não podem praticar esporte. “A minha função é ajudar as pessoas perceberem que podem conviver e superar os próprios limites através da prática esportiva. O nosso trabalho é de inclusão”, ressalta.  
Os atletas treinam três vezes por semana, durante três horas. Todos eles têm histórias em comum, vieram jogar pela necessidade da reabilitação e para se socializarem. Usias Alves Lago tem paralisia infantil e conquistou segundo lugar na Copa Brasil 2010, em Florianópolis. Ele conta que pratica o tênis de mesa há cinco anos e que foi através do esporte que conheceu muitos lugares no Brasil. “Eu achava que não ia conseguir devido as minhas limitações, mas depois que comecei, nunca mais parei”, diz.
Marcilio Teixeira, 36 anos, ficou tetraplégico depois de cair de um pé de manga aos 18 anos e fraturar o pescoço. Marcilio joga há sete anos e já coleciona alguns títulos. “Já disputei seis Brasileiros e em todos consegui pódio”, recorda. No início ele relata que teve muita dificuldade para treinar. “Quando comecei minhas limitações físicas me atrapalharam, hoje já nem sei mais me sentir deficiente”. Os 22 goianos que jogam tênis de mesa se preparam para os campeonatos estaduais, além de já estarem pensando no Brasileiro e nos jogos Parapan-americanos que acontecem este ano no México.
Jogares Goianos do tênis de mesa - ADFEGO - GO




Vôlei sentado
A modalidade surgiu em 1956 a partir da combinação do voleibol convencional com o Sitzbal, esporte alemão que não tem rede e que é praticado por pessoas com dificuldades para se locomover, por isso, jogam sentadas. Até as Paraolimpíadas de Sidney, no ano 2000, o voleibol para deficientes era dividido entre a categoria sentado e em pé. A partir de Atenas o esporte passou a existir apenas na categoria sentado.
O professor que treina algumas atletas da seleção brasileira feminina em Goiânia, Luiz Henrique da Silva, explica que podem disputar a modalidade atletas amputados, paralisados cerebrais, lesionados na coluna vertebral e pessoas com outros tipos de deficiência locomotora. Segundo ele entre o vôlei paraolímpico e o convencional há menos diferenças do que possa parecer. “Basicamente, a quadra é menor do que a convencional (mede 6 m de largura por 10 m de comprimento, contra 18 m x 9 m) e a altura da rede também é menor, pois os jogadores competem sentados. Outra diferença consiste no fato de o saque poder ser bloqueado”, relata Luiz. Há dois anos Luiz Henrique trabalha com a modalidade na ADFEGO e destaca que os atletas da instituição estão em nível profissional. “São 12 atletas na equipe masculina e dez atletas na feminina”, afirma. O professor destaca também que em Goiás a Associação Brasileira de Vôlei Paraolímpico – ABVP está com um trabalho de divulgação do esporte e com isso surgem novos atletas para categorias de iniciação. ”Já podemos começar um trabalho específico com categorias de base. Foi criado no Estado um núcleo da seleção brasileira feminina de vôlei sentado, onde treinam seis atletas permanentes”, informou.As atletas treinam três vezes durante a semana pela seleção brasileira e nos outros dias pela instituição. Luiz Henrique esclarece como é o feito o trabalho. “Nós dividimos os treinamentos em micro ciclos. Temos um período de treinamento básico, no segundo micro ciclo fazemos a preparação física das atletas, no terceiro treinamos a parte técnica e tática e no quarto ciclo trabalhamos com volume de jogo”.
Gabrielle Marche, 19, treina com a Seleção Brasileira há quatro anos. Ela foi atropelada por um ônibus quando tinha nove anos e teve que amputar a perna esquerda. Mesmo com pouca idade Gabrielle conquistou muitos títulos. ”Já disputei alguns Campeonatos Brasileiros, o Mundial nos Estados Unidos pela Seleção Brasileira, um pré-mundial, o Campeonato Norte-Nordeste, Jogos Regionais e Jogos Abertos”, lembra Gabrielle. Assim como ela Graciana Moreira, 45 anos, segue um ritmo frenético de treinamentos na seleção e na ADFEGO desde 2003. Graciana tem paralisia infantil na perna esquerda e frequenta a instituição desde os 16 anos. “O esporte para mim é fundamental, aprendi a minha reabilitação através da natação, passei por cirurgia, depois fisioterapia e no volei eu encontrei tudo que me realizou”, declarou a jogadora. As atletas contam que houve um período de adaptação para aprender a jogar vôlei. “Eu tive que me adaptar a jogar sentada, não que eu já tivesse jogado em pé. Não houve dificuldade pela deficiência, para o vôlei a minha deficiência é favorável”, comenta. Já Gabrielle diz que houve dificuldade apenas até pegar o jeito de jogar. “Quando comecei a jogar eu tive muita dificuldade porque tive que adquirir habilidade, eu nem sabia dar um toque na bola. Mas fui aprendendo, pegando habilidade para poder jogar” revela
Atletas Goianas do time de volei sentado - EDFEGO - GO


Atletismo
Tito Sena, 44 anos, é campeão mundial e medalhista paraolímpico, conquistou a medalha de prata na prova de Christchurch na Nova Zelândia em fevereiro. Depois das paraolimpíadas em Pequim Tito ficou dois anos parado se recuperando de uma cirurgia no pé. Então veio a surpresa, por causa dos bons resultados obtidos na ultima paraolimpíada e no Mundial da Holanda o Comitê Paraolímpico Internacional convidou o atleta para representar o Brasil no Mundial da Nova Zelândia. “Eu tive dois meses para me preparar para esta maratona, foi pouco, mas eu fui para fazer o meu melhor. Graças a Deus deu tudo certo conquistamos a medalha de prata, e ficamos em terceiro lugar no quadro geral de medalhas” declara.
O objetivo do atleta para este ano é as Paraolimpíadas em Londres, mas ele não descarta a possibilidade de competir também no Parapan-americano de Guadalajara, no México. “Meu foco principal é Londres, pois quero brigar pela medalha de ouro e quero quebrar o recorde paraolímpico” destaca. O que parece ser difícil, mas não impossível para este atleta que corre desde os 23 anos de idade e treina quatro horas por dia. “Divido o treinamento entre academia e corrida. Pela manhã eu faço academia, corro 40 minutos e de tarde eu corro 15 km” explica.
Tito tem uma deficiência na mão direita devido a um acidente na fabrica que ele trabalhava. Ele perdeu os movimentos da mão e sofreu um encurtamento da musculatura. Até então ele competia em provas convencionais do atletismo.
Tito Senna - Maratonista


Para-Halterofilismo

O halterofilismo apareceu pela primeira vez na Paraolimpíada de 1964, em Tóquio. A deficiência dos atletas era exclusivamente lesão da coluna vertebral. Até os Jogos de Atlanta 1996, somente os homens competiam. Quatro anos depois, em Sydney, as mulheres entraram de vez para a modalidade. Atualmente, 109 países possuem Halterofilistas Paraolímpicos.
A goiana Josilene Alves Ferreira, 40 anos, pratica a modalidade desde 2002. Ela tem paralisia infantil e descobriu aos oito meses de idade. Porém a deficiência não impediu a atleta de conquistar títulos importantes. Segundo lugar nos jogos mundiais na Nova Zelândia em 2002, campeã Mundial nos jogos Mundiais que aconteceu pela primeira vez aqui no Brasil em 2005, terceiro lugar no Parapan-Americano no Rio em 2007, quinto lugar em Pequim em 2008, segundo lugar na Índia em 2009, primeiro lugar na Jordânia em 2010 e quarto lugar no Mundial da Malásia em 2010.

Segundo o Comitê Paraolímpico ela ocupa o quarto lugar do ranking mundial e primeiro lugar do ranking no Brasil. Josi, como gosta de ser chamada, conta que pratica o esporte por indicação médica. Antes de conhecer o halterofilismo ela nadou e fez atletismo. “Antes de me descobrir atleta do Para-Halterofilismo eu pratiquei natação, mas não continuei porque quase afoguei. Depois fui para o atletismo fazer arremesso de peso, participei de um campeonato brasileiro. Mas quando comecei no halterofilismo me identifiquei com a modalidade” afirma. Mãe de um casal de filhos, Josi divide o tempo entre o trabalho, o treino e os afazeres de casa.
No último campeonato brasileiro, em 2010, ela foi recordista brasileira com 113 quilos na barra. Agora se prepara para o Campeonato Mundial em Londres, para o Regional em Brasília que acontece no mês de maio e diz que vai para São Paulo em junho como atleta convidada participar da segunda etapa do Campeonato Regional.   

Josilene explica o que é como acontecem às provas do halterofilismo. “O Para-Halterofilismo é conhecido como levantamento de peso. Quando me vêem perguntam: você levanta peso na cadeira de rodas? Não. O halterofilismo Paraolímpico pratica-se deitado em um banco especial, com as medidas cabíveis ao regulamento, com uma barra oficial e pesos oficiais. Nós deitamos sobre o banco, o árbitro entrega a barra para o atleta, o atleta desce a barra até encostar no peito e em movimento continuo sobe e entrega a barra para o arbitro de novo sem deixar a barra desgovernar, sem bater no suporte e no tempo certo. A prova tem dois minutos e você tem direito a três pedidos para aumentar o peso. A competição é por categoria de peso, não importa se eu sou cadeirante e o outro é andante, a única divisão que há e de feminino e masculino. A diferença da nossa competição para as competições de halterofilismo convencionais é que nós competimos deitados.

Josilene Alves Ferreira, 40 anos, pratica a modalidade desde 2002

Nenhum comentário:

Postar um comentário