Por Mariana Lourenço
Uma agência do governo do Japão vai ajudar na implantação de mais um corredor ecológico no Brasil. A iniciativa ajudará na preservação de áreas importantes como, por exemplo, a Chapada dos Veadeiros.
Localizado na região Central do Brasil, o cerrado é um tipo de Savana que cobre 22% do país. As cabeceiras de alguns dos maiores rios Sul-Americanos como: São Francisco, Tocantins, Araguaia, Xingu e Tapajós estão localizadas sob o topo dos Planaltos desse Bioma. Apesar de não ser reconhecido pela Constituição como Patrimônio Nacional o Cerrado tem cerca de 200 milhões de hectares, é a savana mais rica em quantidade de espécies do mundo e — por conta do descaso com que vem sendo tratada — está entre as 25 áreas do planeta com seus ecossistemas ameaçados de ser destruído. Porém o cerrado pouco a pouco começa a conquistar a atenção. Três técnicos da Agência Japonesa de Cooperação Internacional (Jica), do governo japonês, participaram em Brasília de um encontro com pesquisadores do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para definir a implantação do quinto corredor ecológico do cerrado no Brasil, uma importante iniciativa para a sua preservação. Em todo país, existem 14 corredores para proteção dos principais ecossistemas nacionais. O corredor ecológico é uma espécie de linha imaginária, criada em torno de regiões ameaçadas pelo homem, com regras específicas de gestão. Nesses locais, há critérios para a ocupação, que proíbem desmatamentos e a destruição de mananciais. Onde existem cidades, a população participa da preservação, através de programas de educação ambiental. Este é o primeiro projeto de cooperação técnica da Jica voltado exclusivamente para a preservação do cerrado. A agência japonesa entrará com US$ 250 mil dólares e o Governo brasileiro com R$ 250 mil necessários ao custeio do projeto. O trabalho dos japoneses no Brasil terá dois anos de duração. A escolha da localização do novo corredor, que ainda depende de estudos mais detalhados, será feita entre duas "hot spots" (ou seja, áreas críticas de risco): o Vale do Paranã, que inclui o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, num total de 2 milhões de hectares em Goiás, e o Jalapão, que abrange 3 milhões de hectares entre os estados de Tocantins, Piauí e Bahia. Ambos estão igualmente conservados, mas muito ameaçados pela agricultura e desertificação. Em 2009 uma área de 2,9 milhões de hectares em Goiás, onde fica o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, foi reconhecida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) como Reserva da Biosfera do Cerrado. Até então esse título era exclusividade de 300 mil hectares no Distrito Federal. Além desses, existem outros corredores no cerrado: Araguaia/Bananal (10 milhões de hectares), Cerrado/Pantanal (1 milhão de hectares) e Itenez/Guaporé (20 milhões de hectares entre Brasil e Bolívia, sendo que apenas a parte sul é cerrado. O resto é floresta amazônica). O Itenez/Guaporé foi o primeiro corredor a ser criado em 1997. Só o corredor Cerrado/Pantanal tem a participação estrangeira da Conservation International (CI), entidade dedicada à conservação da biodiversidade. Existe ainda um minicorredor chamado Ecomuseu do Cerrado, perto de Brasília, com 400 mil hectares. Para o coordenador de Conservação de Ecossistemas do Ibama, biólogo Moacir Arruda, a participação da Jica no projeto será muito importante. ‘‘De todo o Brasil, foram apresentadas cerca de 200 propostas, mas a escolhida por eles foi a do cerrado’’ ressalta. A agência japonesa hoje mantém parcerias em mais de 50 países. ‘‘O governo japonês está muito preocupado com a conservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida’’, explica o engenheiro florestal Mitsuru Watanabe, 34 anos, um dos peritos da Jica que vai acompanhar a implantação do corredor do cerrado, nos próximos dois anos.
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