Dinamização mental

"Quando o teu conhecimento se libertar de qualquer ilusão, então compreenderás a verdade daquilo que ouviste e ainda ouvirás, e te possuirás a ti mesmo imperturbavelmente. Anuviu-se a tua mente e dúvidas se apoderaram de ti; quando deste ouvidos a opiniões contraditórias; quando ela se tornar pura, iluminada e firmemente estabalecida no EU, então atingirás a tua auto realização. Quando alguém permanece calmo e sereno no meio de sofrimentos, quando não espera receber do mundo objetivo permanete felicidade e quando é livre de apego, medo e ódio - então é ele um homem de perfeita sabedoria. Quando não é apegado a um e indiferente a outro; enquanto não se alegra em excesso com o que é agradável, nem se entristece excessivamente com o que é desagradável - então é ele um homem de perfeita sabedoria. Portanto o sábio não se entristece com nada, nem por causa dos mortos, nem por causa dos vivos. Quando os sentidos estão identificados com objetos sensórios, experimentam sensações de calor e de frio, de prazer e de sofrimento - estas coisas vêm e vão; são temporárias por sua própria natureza. Suporta-as com paciência! Mas quem permanece sereno e impertubável no meio de prazer e sofrimento, somente esse é que atinge imortalidade. O que é irreal (ex: amor) não existe, e o que é real nunca deixa de existir. Os videntes da Verdade compreendem a íntima natureza tanto disto como daquilo, q diferença entre o Ser e o parecer. A essencia não pode parecer, nem morre ainda que as formas pareçam. Quem pensa sempre em objetos sensórios apega-se a eles. Desse apego nasce o prazer e o prazer gera inquietação. A inquietação produz ilusão; a ilusão destrói a nitidez da discriminação, esquece-se o homem da sua natureza espiritual - e com isto vai rumo ao abismo. Mas o homem que possui domínio sobre o mundo dos sentidos e da mente, sem odiar nada nem se apegar a nada, orientado pelo Eu central, esse encontra a paz. Essa paz neutraliza todas as inquietações, e o homem que goza de paz, goza verdadeira beatitude - e acaba por superar também os males externos. Homem de perfeita sabedoria é aquele que possui perfeito domínio sobre seus sentidos com relação aos objetos sensórios. "

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ser e escreVer, eis a questão

Por Mariana Lourenço
Em fim dos anos 60, a imprensa descobriu o jornalismo econômico. No início dos anos 70, o jornalismo de negócios. No fim dos anos 70, o jornalismo crítico. Nos anos 80, o jornalismo de serviços. Nos anos 90, o jornalismo se caracterizou por atacar topicamente problemas isolados. Fazia-se escândalos em cima do episódio que no dia seguinte era substituído por um novo escândalo. No ano 2000, falta à imprensa se descobrir. Os anos 80 se constituíram em um período perigoso para o jornalismo. Abusou-se do chamado "esquentamento" da notícia, método que levou o jornalismo aos limites da ficção. Em nome do espetáculo atropelaram-se princípios básicos de direitos individuais, "deixou-se de lado a objetividade e a isenção" (se é que isso já existiu), abriu-se espaço para chantagistas, dossiês falsos e releases que mais promoviam um politico ou uma empresa do que noticiava algo que acrescentasse à população. Penso que o jornalista sabe a dor e a delícia de escrever. Casos como Escola Base, Clínica Santé, Chico Lopes, em todos havia o mesmo estilo de jornalismo: ansioso, impaciente, omisso, definindo linhas erradas de apuração, não se preocupou com a verdade, atropelou a "objetividade" jornalística e os direitos individuais. Tudo em nome do show, da manchete de impacto que vende o jornal. Dos anos 50 a meados dos anos 60 o jornalismo foi refém dos partidos políticos. De meados dos anos 60 ao final dos anos 70 refém da ditadura. Nos anos 80, refém dos movimentos organizados. Em final dos anos 80 descobriu sua verdadeira vocação em uma sociedade de mercado moderna: a imprensa cumpri o papel de combater a ditadura e se coloca na defesa dos direitos civis. Para tanto, apelou a um maniqueísmo extremado, que poupava todos os componentes do chamado arco democrático e desqualificava todas as ações do período militar. No plano do marketing, o modelo foi eficiente enquanto durou o combate à ditadura. Superado o período histórico, o modelo se esgotou. Da redemocratização aos anos 90, o papel do jornalismo foi o de submeter o Estado ao controle da opinião publica, defendê-lo contra toda sorte de demandas corporativistas. Com todos os exageros, já relatados, com os linchamentos e manipulações os jornalistas tentaram cumprir seu papel. Durante certo período adquiriu prestígio e influência, mas depois de certo tempo se esgotou, levando no ano 2000 à queda generalizada da circulação das publicações dedicadas ao jornalismo de opinião. Os abusos contra direitos individuais, a superficialidade, as falsas promessas contidas nas manchetes provocaram reações em diversos círculos, dos leitores mais críticos ao poder judiciário - que passou a tratar severamente, até com exagero, as ações contra a imprensa. O desafio ainda continua, é buscar outro novo modelo, que permita o fortalecimento do jornalismo de opinião através de sua legitimAÇÃO. E esse modelo precisa necessariamente estar sintonizado com os novos tempos, com as cabeças que saem da Universidade pensando e com a responsabilidade de cada jornalista com a informação. Portanto, à imprensa cabe o papel central na definição do novo pais que se quer. E essa responsabilidade social para com a nação ainda não foi percebida por muitos setores. Penso que nos últimos anos, muito por influência da televisão, houve o predomínio arrasador do chamado "jornalismo de marketing". A ambição profissional máxima do jovem repórter era exercitar o senso comum nas matérias, fuzilar reputações para se sentir poderoso ou exprimir indignação contra tudo e contra nada. Este tipo de jornalismo, sem sustentação e vaidoso ainda existe, porém o que me consola é que há outros jornalistas que honram sua disposição para Ser e escreVer jornalismo. Pois podemos perceber que a notícia, pura e simples, virou "commodity". A esse produto (notícia) precisa ser agregado valor, análise, contextualização e acompanhamento metódico. Há que se ter o show, a notícia atraente. Mas há que se ter o trabalho legitimador da imprensa, de passar a acompanhar o desenvolvimento do país de maneira consistente e continuada e se empenhar em despertar a consciência de maneira geral. E o primeiro passo é exorcizar de vez o sebastianismo. De certo modo, a frustração com o modelo econômico real, com a mistificação de economistas que fendiam o câmbio valorizado ajudaram nesse processo de libertinação das fórmulas mágicas. O segundo passo é ter noção correta sobre s temas relevantes para o desenvolvimento nacional. Tem que se fugir dessa discussão bifásica sobre reforma da Previdência e reforma Fiscal. A remontagem institucional do pais passa por um amplo conjunto de medidas e reformas, quase nenhuma no campo constitucional.

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