Dinamização mental

"Quando o teu conhecimento se libertar de qualquer ilusão, então compreenderás a verdade daquilo que ouviste e ainda ouvirás, e te possuirás a ti mesmo imperturbavelmente. Anuviu-se a tua mente e dúvidas se apoderaram de ti; quando deste ouvidos a opiniões contraditórias; quando ela se tornar pura, iluminada e firmemente estabalecida no EU, então atingirás a tua auto realização. Quando alguém permanece calmo e sereno no meio de sofrimentos, quando não espera receber do mundo objetivo permanete felicidade e quando é livre de apego, medo e ódio - então é ele um homem de perfeita sabedoria. Quando não é apegado a um e indiferente a outro; enquanto não se alegra em excesso com o que é agradável, nem se entristece excessivamente com o que é desagradável - então é ele um homem de perfeita sabedoria. Portanto o sábio não se entristece com nada, nem por causa dos mortos, nem por causa dos vivos. Quando os sentidos estão identificados com objetos sensórios, experimentam sensações de calor e de frio, de prazer e de sofrimento - estas coisas vêm e vão; são temporárias por sua própria natureza. Suporta-as com paciência! Mas quem permanece sereno e impertubável no meio de prazer e sofrimento, somente esse é que atinge imortalidade. O que é irreal (ex: amor) não existe, e o que é real nunca deixa de existir. Os videntes da Verdade compreendem a íntima natureza tanto disto como daquilo, q diferença entre o Ser e o parecer. A essencia não pode parecer, nem morre ainda que as formas pareçam. Quem pensa sempre em objetos sensórios apega-se a eles. Desse apego nasce o prazer e o prazer gera inquietação. A inquietação produz ilusão; a ilusão destrói a nitidez da discriminação, esquece-se o homem da sua natureza espiritual - e com isto vai rumo ao abismo. Mas o homem que possui domínio sobre o mundo dos sentidos e da mente, sem odiar nada nem se apegar a nada, orientado pelo Eu central, esse encontra a paz. Essa paz neutraliza todas as inquietações, e o homem que goza de paz, goza verdadeira beatitude - e acaba por superar também os males externos. Homem de perfeita sabedoria é aquele que possui perfeito domínio sobre seus sentidos com relação aos objetos sensórios. "

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Entidades do jornalismo defendem diploma e novas diretrizes curriculares

Foto: Gerson Martins

Por: Paulo Roberto Botão

O 9º Pré-Forum Fenaj, realizado nesta quarta-feira (21), no Hotel Atlante Plaza, em Recife, teve como tônicas da defesa da proposta de novas diretrizes curriculares para o ensino do jornalismo e da retomada da exigência do diploma de graduação específico para o exercício da profissão. A atividade integra a programação do 13° Encontro Nacional de Professores de Jornalismo, organizado pelo FNPJ (Fórum Nacional de Professores de Jornalismo).

Integraram a mesa de debates os presidentes do FNPJ, Edson Spenthof, da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), Carlos Franciscato, e da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade, com a mediação do jornalista Ricardo Melo, professor da Unicap, vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de Pernambuco e diretor do FNPJ.

Spenthof defendeu a proposta de diretrizes curriculares em tramitação no CNE (Conselho Nacional de Comunicação), classificada como “um alento” em um ano marcado por perdas para o jornalismo, como a revogação da Lei de Imprensa e da obrigatoriedade do diploma, nos dois casos em decisões do STF. Em sua opinião, a proposta tem como principal mérito o de fortalecer a especificidade do ensino de jornalismo, condição importante inclusive para permitir que dialogue de forma autônoma com as demais áreas da comunicação.

O presidente do FNPJ criticou a decisão do STF sobre o diploma. Ressaltou que a corte demonstrou desconhecimento da profissão e de conceitos básicos da comunicação. “A liberdade de expressão foi confundida com o exercício da profissão, com prejuízo da liberdade de expressão”, disse.

A defesa da proposta de novas diretrizes curriculares para o ensino de jornalismo, elaborada no ano passado sob a liderança do professor José Marques de Melo, foi o principal ponto da fala do jornalista Carlos Franciscato, da SBPJor, que criticou pontualmente a maioria dos argumentos que vem sendo levantados ao documento. Em sua opinião, o documento garante um avanço enorme à pesquisa e ao ensino de jornalismo, ao garantir a constituição de um curso específico.

Golpe

O tema também foi tratado pelo presidente da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade, que criticou pessoas e organizações que estão se posicionando contra o documento, e que não apresentaram contribuições quando da sua elaboração, apesar de ter havido um processo amplo e participativo. “Não participaram e agora atuam para boicotar o processo. Isto é golpe”, enfatizou.


Andrade também defendeu a implantação imediata das decisões da 1ª. Conferência Nacional de Comunicação, entre as quais a nomeação do Conselho Nacional de Comunicação e o início dos debates sobre o um novo marco regulatório para a comunicação no país, que substitua a revogada Lei de Imprensa. “Precisamos de normas específicas para regular o funcionamento da mídia no Brasil”, disse.


O jornalista foi também enfático na crítica à decisão do STF sobre o diploma de jornalismo. “O critério para ser jornalista hoje é estar vivo”, ironizou. Mostrou, por outro lado, otimismo em relação às várias alternativas de luta para reverter a decisão, entre as quais destacou as propostas de emenda à Constituição apresentadas na Câmara dos Deputados e Senado. Em sua opinião existe um clima favorável no Congresso, mas é preciso que as escolas de jornalismo, os estudantes e as entidades do setor mantenham a mobilização e o debate com a sociedade sobre a importância da profissão.


Diretor do MEC defende formação específica em jornalismo

Foto: Gerson Martins
 
Por: Paulo Roberto Botão

O diretor de regulação e supervisão da Educação Superior do MEC, Paulo Roberto Wollinger, defendeu, em palestra a coordenadores de cursos de jornalismo de todo o país, em Recife, nesta quarta-feira (21), a implantação de um curso de bacharelado em jornalismo. A idéia, que está consolidada na proposta de novas diretrizes curriculares da área, foi apresentada durante o 4º Encontro Nacional de Professores de Jornalismo.
 
“O MEC defende que cada curso tenha identidade de formação”, salientou Wollinger, antes de enumerar vantagens da implantação de um curso específico em jornalismo, fora do âmbito das habilitações da comunicação. Segundo o palestrante, o bacharelado em jornalismo permite o aprofundamento do conhecimento específico sobre a profissão, permite aos estudantes uma escolha com mais precisão e, ao reforçar o jornalismo deve, ao contrário do que muitos pensam, fortalecer também a grande área da comunicação.

A proposta de criação do curso de bacharelado em jornalismo, segundo Wollinger, vai ao encontro de uma tendência defendida pelo próprio MEC, que trabalha no sentido de dar identidade aos cursos de graduação e de redução dos formatos que prevêem habilitações. “A tendência é acabar com as habilitações”, disparou. Referindo-se aos bacharelados em comunicação ainda justificou: “Não é possível que o estudante consiga dar conta de todo o conhecimento das diversas áreas da comunicação”.

Em reação ao documento que apresenta as novas diretrizes, já encaminhado pelo ministro da Educação ao CNE, Wollinger observou que se trata de uma boa proposta, bem escrita e elaborada em um processo aberto e com ampla participação das comunidade e dos setores envolvidos. A expectativa do MEC é que seja aprovado ainda neste ano, com possibilidades de implantação nas escolas a partir de 2011 ou 2012.

Colóquio destaca inconsistências da cobertura ambiental

Por: Paulo Roberto Botão

Foto: Gerson Martins

O debate sobre o tema “Jornalismo e desenvolvimento: reflexões sobre a agenda das mudanças climáticas” abriu nesta quarta-feira os trabalhos do 13° Encontro Nacional de Professores de Jornalismo. A atividade ocorreu em auditório do Hotel Atlante Plaza no início da tarde e contou com a participação dos jornalistas Carlos Fioravante e Cicloval Morais de Sousa, com a mediação do cientista social Fábio Sene.

Na abertura, o cientista social Fábio Sene, coordenador de Relações Econômicas da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância) disse que nos últimos anos têm aumentado a demanda por uma abordagem sobre a questão das mudanças climáticas, o que torna necessário pensar o papel da imprensa nesta área. O mediador também apresentou dados das ações da Andi em relação às mudanças climáticas, com destaque para o monitoramento de mídia.

O jornalista Carlos Fioravante, especializado na cobertura de ciência e ambiente, apresentou comparação da cobertura do tema na Inglaterra e no Brasil, tomando como referência o The Independent e a Folha de S. Paulo. Destacou que no caso do Brasil predomina o “discurso do medo”, em tom alarmista, enquanto na Inglaterra já há avanços em relação a um “discurso da ação”. Entre as sugestões para melhorar a cobertura ambiental, Fioravante destacou: evitar maniquismo, especificar os problemas ambientais, valorizar problemas locais, valorizar outros atores e lembrar das incertezas.

O jornalista e sociólogo Cicloval Morais de Sousa, enfatizou a importância de se promover uma melhoria na cobertura da mídia sobre a questão ambiental. Citou como problemas a ausência de pluralidade de vozes na imprensa, principalmente das fontes ligadas aos movimentos organizados e comunitários. Também mencionou o fato de que a as mídias locais, em sua avaliação, não cobrem adequadamente os problemas locais, mas acabam apenas reproduzindo as coberturas de temas gerais.

Outro ponto abordado pelo expositor foi a ausência de contexto, inclusive sobre as circunstâncias das notícias. Na sua visão, é preciso que os jornalistas se abram para o debate sobre as pautas do seu trabalho, estabeleçam canais de interlocução com o público e a comunidade. “Precisamos ter a coragem de levar essa questão da pauta aberta inclusive para dentro das escolas de jornalismo”, disse.

As apresentações estão disponíveis em http://www.scribd.com/doc/30306089 e http://www.scribd.com/doc/30302299.



terça-feira, 20 de abril de 2010

Você é realmente você mesmo? – Osho


Toda a nossa educação cria uma divisão na nossa própria mente. Você tem que mostrar uma face para a sociedade, para a multidão, para o mundo – ela não precisa ser a sua face verdadeira; na verdade ela não deve ser a sua face verdadeira. Você tem que mostrar a face que as pessoas gostam, que as pessoas apreciam, que seja aceitável para elas – para suas ideologias e suas tradições – e a sua face original, você tem que guardá-la para si mesmo. Essa divisão o torna muito desconectado porque a maior parte do tempo você está na multidão, encontrando pessoas, se relacionando com pessoas – muito raramente você está só.
Naturalmente, as máscaras se tornam muito mais parte de você do que a sua própria natureza. E a sociedade cria um medo em todo mundo: o medo da rejeição, o medo de que alguém possa rir de você, o medo de perder a respeitabilidade, o medo do que as pessoas dirão. Você tem que se ajustar a todo tipo de pessoas cegas e inconscientes. Até agora, esta tem sido a nossa tradição básica em todo o mundo: não se permite a ninguém ser ele próprio. E é por causa disso que o problema surge – este é um problema de todo mundo. Você está pouco preocupado consigo mesmo; você está mais preocupado é com a opinião que o outro terá a seu respeito.

Quando você está só no seu banheiro, você se torna quase igual a uma criança – algumas vezes você faz caretas diante do espelho. Mas se você de repente percebe que está sendo observado pelo buraco da fechadura, até mesmo por uma criancinha, imediatamente você muda: você volta novamente ao seu velho e comum ego – sério, sóbrio, como as pessoas esperam que você seja. E a coisa mais incrível é que você tem medo daquelas pessoas e elas têm medo de você – todo mundo tem medo de todo mundo. Não se permite a ninguém seus sentimentos, sua realidade, sua autenticidade – mas todo mundo quer isso, porque é um ato muito suicida continuar reprimindo a sua face original. Você não está vivendo; ao contrário, você está simplesmente representando. E porque todo mundo está observando, os seus prolongados séculos de inconsciência o puxam para trás: não se expresse, não saia das máscaras de sua personalidade. Todo mundo está se escondendo atrás de alguma coisa falsa – isso machuca.

Ser desonesto e hipócrita consigo mesmo é a pior punição que você pode se dar. E você não vai fazer algo prejudicial a quem quer que seja – você simplesmente quer chorar e suas lágrimas serão de alegria; você quer dançar e isto não é pecado, nem é crime. Você simplesmente quer compartilhar a sua felicidade – você está sendo generoso. Apesar disso, o medo é de que as pessoas possam não aceitar a sua felicidade. Alguém pode dizer que ela é falsa, que você está apenas representando, podem dizer que você está hipnotizado. Uma coisa estranha é que se você está miserável, ninguém lhe diz coisa alguma, você está perfeitamente encaixado. Mas onde todo mundo é miserável, você fica fora de sintonia com a multidão se, de repente, começar a dançar. Você quer expressar a sua alegria, mas não é corajoso o suficiente para estar só… Mas, na verdade, quem vai se importar? No máximo, talvez as pessoas pensem que você está um pouco maluco, e uma vez que elas aceitem que você está um pouco maluco, então não há do que ter medo. O que há de errado em ser chamado de maluco? O mundo tem conhecido tantas pessoas malucas bonitas…
 
Na verdade, todas as grandes pessoas no mundo têm sido um pouco malucas – malucas aos olhos da multidão. Elas expressaram suas maluquices porque elas não eram miseráveis, eles não estavam na ansiedade, não tinham medo da morte, não se preocupavam com trivialidades. Elas estavam vivendo cada momento com totalidade e intensidade, e por causa dessa totalidade e intensidade, suas vidas se tornaram lindas flores – cheias de fragrância, amor, vida e riso. Mas isto certamente machuca milhões de pessoas que estão ao seu redor. Elas não podem aceitar a idéia de que você alcançou alguma coisa que elas perderam. Elas tentarão de toda maneira tornar você miserável, para destruir a sua dança, para tirar a sua alegria – de modo que você possa voltar novamente ao rebanho.

É preciso reunir coragem. E se as pessoas disserem que você está maluco, curta a idéia. Diga a elas, ‘Vocês estão certos; neste mundo somente as pessoas malucas podem ser felizes e alegres. Eu escolhi a loucura com alegria, com felicidade, com dança; vocês têm escolhido a sanidade com miséria, angústia e inferno – nossas escolhas são diferentes. Seja são e permaneça miserável; mas deixe-me só na minha loucura. Não se sintam ofendidos; eu não estou me sentindo ofendido por vocês – tantas pessoas sãs no mundo e eu não estou me sentindo ofendido.’ Isto é apenas uma questão de pouco tempo. Uma vez que eles o aceitem como sendo maluco, logo deixarão de se procupar com você; então você poderá entrar na luz completa com seu ser original – você pode abandonar todas as suas falsidades.

Todas as pessoas no mundo querem ser verdadeiras, pois só por serem verdadeiras, isso já lhes traz muita alegria e uma abundância de felicidade. Por que alguém deveria ser falso? Você precisa ter coragem para chegar a um insight um pouco mais profundo: Por que você tem medo? O que o mundo pode fazer com você? As pessoas podem rir de você; isso fará bem para elas – rir é sempre medicinal, é saudável. As pessoas podem pensar que você é louco… Você não vai ficar louco só porque elas pensam que você está louco. E se você é autêntico quanto à sua alegria, suas lágrimas, sua dança – mais cedo ou mais tarde aparecerão pessoas que compreenderão você, que poderão começar a se juntar à sua caravana. Eu mesmo comecei sozinho no caminho, e depois as pessoas foram chegando e isso se tornou uma caravana do tamanho do mundo. E eu não convidei ninguém; eu apenas fazia aquilo que sentia que estava vindo de meu coração. A minha responsabilidade é com o meu coração, não com as outras pessoas no mundo.

Assim, a sua responsabilidade é apenas com o seu próprio ser. Não vá contra ele, porque ir contra ele é cometer suicídio, é destruir a si próprio. E qual é o ganho? Mesmo se as pessoas lhe derem respeito e acharem que você é sóbrio, respeitável, honorável, essas coisas não irão nutrir o seu ser. Elas não irão lhe dar qualquer insight a mais sobre a vida e sua imensa beleza. E, além disso, todo mundo está tão preocupado com seus próprios problemas, quem irá se procupar se você está rindo e dançando? Quem tem tempo para isto? É apenas a sua mente que está pensando que todo o mundo está pensando a seu respeito. A minha própria experiência é: todo mundo está muito cheio, muito preocupado com a correria de pensamentos sobre si mesmo, sua vida, seus problemas. Você acha que alguém tem tempo até mesmo para olhar para você ou pensar a seu respeito? ‘Quem escuta?’ Todos estão preocupados com seu próprio mundo, eles não têm tempo nem energia para se preocupar com você. E mesmo se eles tiverem alguma opinião, isso é problema deles. Você está sozinho no mundo: sozinho você veio ao mundo, sozinho está aqui e sozinho deixará este mundo. Todas as opiniões deles ficarão para trás; somente os seus sentimentos originais, as suas experiências autênticas irão com você, mesmo depois da morte. Nem mesmo a morte poderá lhe tirar a dança, as suas lágrimas de alegria, a sua pureza na solitude, o seu silêncio, a sua serenidade, o seu êxtase.

Aquilo que a morte não pode tirar de você é o único tesouro verdadeiro; e aquilo que pode ser tirado pelas outras pessoas não é um tesouro, é apenas tolice. Quantos milhões de pessoas viveram antes de você neste planeta? Você nem mesmo sabe o nome delas; se elas viveram ou não, não faz qualquer diferença. Existiram santos e pecadores, existiram pessoas muito respeitáveis e todo tipo de excêntricos e malucos, mas todos eles desapareceram – nem mesmo um rastro permaneceu sobre a terra. Sua única preocupação deve ser em cuidar e proteger aquelas qualidades que você pode levar consigo quando a morte destruir o seu corpo e a sua mente, porque essas qualidades serão as suas únicas companhias. Elas são os únicos valores verdadeiros e as pessoas que as alcança – somente elas – vivem; as outras fingem que vivem.

Só viver nem sempre é viver. Olhe para a sua vida. Você pode dizer que ela é uma benção? Você pode dizer que ela é um presente da existência? Você gostaria que essa vida lhe fosse dada repetidas vezes? Ela está tão vazia. Por causa de seu vazio, as suas preces são vazias. Você não consegue preencher suas preces com gratidão. Gratidão, por que? Você nada mais está fazendo senão representando papéis em uma novela, você não está sendo você mesmo. Você é realmente você mesmo? Ou está apenas fingindo ser alguém que a multidão ao seu redor queria que você fosse?

Para mim, um buscador da verdade deveria começar por abandonar tudo o que é falso nele, porque o falso não pode buscar a verdade. O falso é a barreira entre você e a verdade. Se tudo o que é falso for abandonado, você não precisa buscar pela verdade – a verdade virá até você. Na verdade, quando eu digo, ‘A verdade virá até você’, isto são apenas palavras. Quando tudo o que é falso é abandonado, você é a verdade. Nada vem e nada vai. Não existe jornada.



Osho




Osho, em “Criatividade – Liberando Sua Força Interior"


“A criatividade significa simplesmente que você está em estado de relaxamento total. Não significa inação, mas sim relaxamento – porque, com o relaxamento, ocorre muita ação. Mas isso não é obra sua – você é apenas um veículo. Uma melodia começa a ecoar por seu intermédio – você não é o criador dela, ela vem do além. Ela sempre vem do além. Quando você a cria, sua criação não vai além do ordinário, mundano. Quando ela vem por seu intermédio ela tem beleza sublime, traz em si algo de desconhecido. Quando o grande poeta Coleridge morreu, ele deixou milhares de poemas inacabados. Frequentemente perguntavam a ele: “Por que você não termina esses poemas?” Pois a alguns faltavam apenas algumas linhas para serem terminados. “Por que você não os termina de compor?” Ele respondia: “Não posso. Eu tento, mas quando termino de compor, parece faltar algo, alguma coisa parece estar errada. Minha linha nunca se harmoniza com a que flui por meu intermédio. Ela se me torna um tropeço, uma rocha, e impede-lhe a fluidez. Assim, tenho que aguardar. Quem quer que tem fluído por intermédio de mim, quando ele começar a fluir outra vez e completar o poema, ele estará terminado; antes disso não.” Ele terminou apenas uns poucos poemas. Mas eles são de sublime beleza, de grande esplendor místico. Sempre foi assim: o poeta desaparece, a criatividade aparece. Nessa ocasião, ele é possuído. Sim, essa é a palavra, ele é possuído. Criatividade é ser possuído por Deus. Simone de Beauvoir disse: “A vida se ocupa com a própria perpetuação e a superação de si mesma; se tudo que ela faz é manter a si mesma, então viver é apenas não morrer.” E o homem que não é criativo está apenas não morrendo, só isso. Sua vida não tem profundidade. Sua vida ainda não é vida, mas apenas um prefácio; seu livro da vida ainda não começou a ser escrito. Ele nasceu, é verdade, mas ainda não está vivo. Quando você se torna criativo, quando permite que a criatividade flua por intermédio de você – quando você começa a cantar uma canção que não é sua, que não pode assinalar nem dizer: “Ela á criação minha”; sobre a qual você não pode apor sua assinatura – então a vida cria asas e desfere voos. Na criatividade está a superação; de outro modo, nós podemos continuar, no máximo, a nos perpetuarmos tal como somos. Você cria uma criança – isso não é criatividade. Você morre e a criança fica para perpetuar a vida, mas perpetuar-se não basta, a menos que você comece a superar a si mesmo. E assa superação só ocorre quando algo do além entra em contato com você. Esse é o ponto de transcendência – superação. E, na superação, o milagre ocorre; você não existe, contudo, pela primeira vez, você existe. “

~ OSHO ~ The Sadhana Sutra


“Todo mundo passa a sua vida em busca de uma coisa: como livrar-se do sofrimento? Como obter felicidade e alegria? Você quer buscar alegria, mas o que você pagará por isso? O que você dará em troca daquilo que conseguiu? Se um homem der um passo que seja, ele terá que deixar o pedaço da terra sobre o qual ele estava em pé. Somente assim ele poderá ir adiante. Não haverá qualquer progresso neste mundo se nós não quisermos abrir mão de alguma coisa. Sem sacrificar-se você não conseguirá dar nem mesmo um passo. Se as suas mãos estão cheias de lama, de seixos e de pedras e você quer diamantes, você terá que abandonar as pedras. Para agarrar o objeto desejado, as suas mãos deverão estar vazias. Você deverá deixar as coisas inúteis.

Não tenha medo: você não precisa renunciar à sua riqueza, mesmo porque ninguém tem riqueza alguma. Neste mundo, até o mais rico dos homens é um mendigo. Ninguém tem riqueza. Existem dois tipos de mendigos: um é o mendigo pobre e o outro é o mendigo rico, mas ambos são mendigos.

Existem muitas pessoas que possuem dinheiro, mas elas não são ricas, elas também estão na corrida para agarrar o máximo que elas puderem, do mesmo jeito como faz o mais pobre dentre os homens pobres. Como um pedinte que segura tudo o que tiver com as mãos bem apertadas, também o homem que tem o maior dos cofres segura com as mãos apertadas tudo o que ele tiver. A avareza deles é a mesma e assim a pobreza deles também é a mesma.

Você não tem riqueza. Ninguém a tem. Como você pode deixar alguma coisa que você não tem? E a cada momento você fica tremendo de medo da morte. Se você fosse a própria vida, por que você estaria com medo da morte? A vida não tem morte alguma. Como a vida pode tornar-se morte? Mas você está tremendo de medo da morte. E a cada momento a morte está rondando você. Você está tentando se salvar por qualquer caminho possível, para que você não desapareça, para que você não morra, para que você não chegue a um fim. Mesmo a vida, você não a tem. Você nem mesmo pode desisitir da vida. Como você pode dar alguma coisa que você não tem?

A busca de todo mundo é por alegria, mas existe algo que todos têm em abundância: o sofrimento. Por muitas vidas você nada mais tem colecionado a não ser sofrimentos. Você colecionou pilhas disso. Mesmo o monte Everest parecerá pequeno se for comparado com as pilhas de problemas que você tem colecionado. Esse é o trabalho de suas muitas vidas; você nada tem ganho, exceto problemas.

Simplesmente largue seus problemas, renuncie aos seus problemas. E se você puder desistir de seus problemas, aí o caminho para a alegria poderá ser aberto. E se você conseguir abandonar os seus problemas, você irá perceber que aquilo que você pensava ser problema nada mais era que ilusão. E os seus problemas não o estavam segurando; você é que os estava segurando. Deixe-os ir e, então, você irá saber quem estava segurando quem. Você está sempre perguntando como conseguir livrar-se do sofrimento. Se o sofrimento estivesse lhe segurando, então não seria possível você se livrar dele, porque a posse não estaria em suas mãos, mas nas mãos do sofrimento. Você seria impotente.

O sofrimento não o está segurando; você é que está segurando o sofrimento Quando você aprender a arte de abandonar o sofrimento, você irá perceber o que estava arrastando consigo. E ninguém, a não ser você, era responsável por isso. Por qualquer coisa que você tenha experienciado como sofrimento, nenhuma outra pessoa pode ser responsabilizada. Esse era o seu desejo: você queria sofrer. E tudo o que você é, é o fruto dos seus desejos. Nem Deus é responsável, nem a sorte; ninguém tem motivo algum para lhe causar problemas.

A verdade é que a existência está sempre querendo fazer você ficar alegre. Toda essa existência quer que a sua vida se torne um festival… porque quando você está infeliz, você também sai atirando infelicidade por toda a sua volta. Quando você está infeliz, o mau cheiro de suas feridas alcança toda a existência. E quando você está infeliz, a existência também sente dor. Todo esse mundo sente dor quando você está infeliz e sente alegria quando você está alegre.  A existência não deseja que você deva ser infeliz. Para se tornar infeliz você teve que fazer uma série de arranjos. E enquanto isso não for destruído, você não será capaz de abrir os seus olhos para a felicidade.

Quais são os seus arranjos? Que arranjo o homem faz para estocar os seus problemas? Como ele os coleciona? Compreenda isso um pouco e talvez fique mais fácil para você deixá-los. Uma criancinha quer chorar. Os psicólogos dizem que a ação de chorar da criança é a ação de vomitar. Sempre que uma tensão cresce dentro de uma criança, ela, ao chorar, atira para fora as suas tensões. Você foi uma criancinha. Uma criancinha está com fome e não estão lhe dando o leite na hora certa. É por isso que ela está chorando, é porque ela encheu-se de tensão. E isso é necessário para liberar a sua tensão para fora. Ela irá chorar, a tensão será liberada e ela se sentirá mais leve. Mas nós ensinamos a criança a não chorar. Nós tentamos todas as maneiras para impedi-la de chorar. Nós colocamos brinquedos em suas mãos para que ela se esqueça; nós colocamos alguma coisa artificial em sua boca, ou colocamos o seu polegar em sua boca de modo que ela confunda isso com o seio de sua mãe e esqueça da fome.

Nós começamos a balançá-lo para lá e para cá para que sua atenção se disperse e ela não chore. Nós tentamos tudo para não deixá-la chorar. Aquela tensão que poderia ter sido liberada pelo choro, não é liberada e vai sendo guardada. Desse jeito nós deixamos que isso vá se acumulando. Quem sabe quantas dores e angústias cada pessoa tem acumulado? Ela senta-se sobre essa coleção empilhada. Quem sabe quantas tensões você acumulou? Você não tem chorado nem dado gargalhadas com seu coração totalmente presente. E porque você não chorou, alguma coisa ficou presa dentro de você. Você não tem ficado totalmente com raiva, nem tem perdoado completamente alguém. Você tornou-se uma pessoa pela metade. Os seus ramos querem se abrir mas eles não são capazes disto. As folhas querem brotar para todos os lados, mas elas não são capazes disto. A sua árvore ficou atrofiada. O nome dessa dor acumulada , dessa dor não liberada, é inferno. E você segue arrastando esse inferno ao seu redor.

Jogue seu inferno fora! Você pode jogá-lo fora agora mesmo! Você deve esquecer que foi muito educado, que você ocupa uma posição elevada, que você conseguiu riquezas, que você é respeitado na cidade. Abandone tudo isso! Torne-se como um bebê recém-nascido, que não tem qualquer reputação, não tem educação, nem posição, nem riqueza, nem qualquer auto-respeito. Vomite, atire para fora todo sofrimento que você tiver em seu coração. Se você tiver raiva, atire-a para o céu, se você tiver violência, atire-a para o céu. Você não tem que ser violento com ninguém, simplesmente libere a violência para o céu aberto. Problemas, dores, culpas; qualquer coisa que estiver dentro tem que ser jogada para fora. Você tem que atirá-las tão totalmente quanto for possível. Use toda a sua energia de modo que qualquer problema que estiver dentro seja trazido a consciência. Enquanto você não ficar consciente da dor escondida no seu inconsciente, ela não o deixará, ela permanecerá escondida. Exponha-a, traga-a para a consciência. Puxe-a para fora, onde quer que ela esteja escondida na escuridão interna, traga-a para a luz.

Algumas coisas morrem com a luz. Se você puxar para fora da terra as raízes de uma árvore, elas morrerão. Elas necessitam da escuridão, elas vivem na escuridão, na escuridão está a vida delas. Assim como as raízes, o sofrimento também vive na escuridão. Exponha os seus sofrimentos e você descobrirá que eles morrerão. Se você continuar escondendo-os dentro de si, eles irão permanecer seus companheiros constantes por muitas vidas. A infelicidade tem que ser expressada. Compreenda uma coisa mais: foi de fora que você pegou as dores e as trouxe para dentro de si. Por favor, volte com elas para o lado de fora. A dor não é interna; todas as dores são trazidas do lado de fora. Quando você nasceu, qual era a natureza do seu ser? Não havia dor: a dor foi trazida de fora. Se um homem o maltratou e fez você ficar infeliz, o maltrato foi trazido de fora. Agora, você irá acumular essa dor do lado de dentro, deixará que ela cresça, irá reprimi-la, assim ela se expandirá e envenenará toda e qualquer célula do seu corpo.

Você se tornará um homem infeliz. Você traz a dor de fora. Ela não está em sua natureza. Livre-se da dor. Você pode livrar-se apenas daquilo que não é seu. Não há jeito de você livrar-se daquilo que é seu. A dor tem que ser jogada fora! E, na medida que você joga fora a dor, que a envia de volta para fora, de onde ela veio, a alegria começa a brotar dentro de você. A alegria está dentro. Ninguém a traz de fora. Ela não vem de fora, ela é a sua natureza, ela é você. Ela está escondida dentro, ela é a sua alma. Se for jogado fora esse lixo que veio de fora e que tem sido acumulado, então a alma interna começará a expandir, começará a crescer. Você começa a ver a sua luz e a ouvir a sua dança, você começa a mergulhar na música mais interna. Mas isso só acontece se você liberar o lixo de modo que o céu interior possa se estabelecer, algum espaço criado. Então aquele espaço que está escondido dentro pode expandir-se.

A dor deve ser expressada para que aquela alegria possa expandir-se internamente. Se você reprimir a dor, ela cresce. Se a dor é reprimida ela cresce, se você a expressar, ela diminui. Com a alegria ocorre totalmente o oposto: se você reprimir a alegria, ela diminui; se você a expressar ela aumenta. Assim, a primeira coisa é isso: que você tem que jogar fora a dor, porque ela diminui sendo expressada. Não a reprima! E quando você tiver a primeira visão da alegria que vem de dentro, então expresse-a… porque quanto mais você expressar a alegria, mais ela aumenta e começa a crescer.  A fonte da alegria está dentro! E na medida em que você segue deixando a alegria acontecer você começará a ter mais e mais vislumbres de pura alegria. A alegria aumenta ao ser compartilhada.

Você tem que se tornar como uma criancinha, que não tem qualquer preocupação a respeito do passado, nem qualquer questão a respeito do futuro, que nem mesmo sabe o que os outros estão pensando a seu respeito. Um pouco de coragem é requerida, e então, os tesouros de alegria não estarão longe. Um pouco de coragem é requerida e você poderá abandonar o seu inferno – exatamente como um homem que se sujou na rua e volta para casa para tomar um banho e a sujeira é lavada. Da mesma maneira, a meditação é o banho e a dor é a sujeira. Assim como depois do banho a sujeira foi lavada e você se sente fresco, da mesma forma você terá um vislumbre, sentindo dentro de si a felicidade e alegria que é a sua natureza.”


Tradução: Sw.Bodhi Champak

Fonte: revista Osho Times, nov/1995

Osho – In Vida, Amor, Riso


Você pergunta: “O que é o amor?”




O amor é o profundo desejo de ser uno com o todo, o profundo desejo de dissolver o Eu, o Você, em uma unidade. O amor é isso, porque estamos separados da nossa própria origem; devido a essa separação, surge o desejo de voltar para o todo, de se tornar um com o todo. Se você arrancar uma árvore, ela sentirá um grande desejo de voltar a se enraizar no solo, porque erta era sua verdadeira vida. Agora ela está morrendo. Separada, a árvore não pode existir. Ela tem que existir na terra, com a terra, através da terra. Isso é o amor. Se ego se tornou uma barreira entre você e sua terra, o todo. O homem está sufocado, ele não consegue respirar, perdeu suas raízes. Ele já é nutrido. O amor é um desejo de nutrição; o amor é um enraizar-se existência. E o fenômeno se torna mais fácil se você cair no pólo oposto– é por isso que o homem é atraído para a mulher e a mulher é atraída para o homem. O homem pode encontrar sua terra através da mulher, ele pode voltar a ficar com os pés no chão através da mulher, ele pode votar a ficar com os pes no chão através da mulher, e a mulher pode por os pés no chão através do homem. Eles são complementares.

O homem sozinho é metade, numa necessidade desesperada de ser inteiro. A mulher sozinha é metade. Quando essas duas metades se encontram e se misturam e se fundem, pela primeira vez nos sentimentos enraizados com os pés no chão. Uma grande alegria surge no ser. Não é somente na mulher que você se enraíza; é através da mulher que você se enraíza em Deus. A mulher é simplismente uma porta. O homem e a mulher são portas para Deus. O desejo de amor é o desejo de Deus. Você pode entender isso, ou pode não entender, mas o desejo de amor realmente prova a existência de Deus. Não existe nenhuma outra porta. Porque o homem ama, Deus é. Porque o homem não pode viver sem amor, Deus é.

A ânsia de amar, simplesmente, diz que sozinhos nós sofremos e morremos, juntos nós crescemos, somos nutridos, realizados, preenchidos. Você pergunta: “O que é o amor? Por que tenho tanto medo do amor?” É por essa razão também que a pessoa tem medo do amor — porque no momento em que você entra na mulher você perde seu ego, e a mulher entra no homem e perde seu ego.

Agora isto precisa ser entendido: você pode estar enraizado no todo somente se perder a si mesmo; não há outra maneira. Você é atraído em direção ao todo por estar se sentindo desnutrido, e então quando chega o momento de desaparecer no todo, você começa a sentir muito medo. Um grande medo surgi porque você está perdendo a si mesmo. Você recua. Este é o dilema. Todo o ser humano tem que encarar isso, passar por isso, entender e tranceder isso. Você precisa entender que ambas as coisas estão surgindo da mesma coisa. Você sente que seria lindo desaparecer — nenhuma preocupação, nunhuma ansiedade, nenhuma responsabilidade. Você se tornará parte do todo, como as árvores e as estrelas. A simples idéia é fantástica!

Ela abre portas, portas misteriosas para dentro de seu ser, ela dá nascimento à poesia. Elá é romantica. Mas quando você realmente mergulha nisso, surge o medo de que: “Eu vou desaparecer, e quem sabe o que vai acontecer depois”. É como um rio alcançando um deserto, ouvindo o sussurrar do deserto… O rio hesita, quer ir além do deserto, quer ir em busca do oceano; sente que existe um desejo e existe um sentimento sutil, uma certeza e uma convicção de que “meu destino é ir além”! Nenhuma razão vísivel poder ser apontada, mas existe uma convicção interior de que “eu não terminarei aqui. Tenho que continuar procurando por algo maior”. Alma coisa lá no fundo diz: “Tente, tente energicamente! E tranceda esse deserto”.

E então o deserto diz: “Ouça-me: o único jeito é evaporar-se, entregando-se aos ventos. Eles o levarão. Eles o levarão além do deserto”. O rio quer ir além do deserto, mas a dúvida é muito natural “Qual é a prova, a garantia de que os ventos permitirão que eu volte a ser um rio? Uma vez que eu tenha desaparecido, não estarei absolutamente controlando a situação. Então qual é a garantia de que eu me tornarei novamente o mesmo rio, com a mesma forma, o mesmo nome, o mesmo corpo? E quem sabe? E como poderia confiar que, uma vez que eu tenha me rendido aos ventos, eles permitirão que eu volte me juntar?” Este é o medo do amor. Você sabe, está convencido de que sem amor não há felicidade, sem amor não há vida, sem amor você permanece faminto por algo desconhecido, permanece insatisfeito, vazio. Você é oco, nada tem; você é apenas um recipiente sem conteúdo. Você sente o vácuo, o vazio e o tormento disso. E você está convencido de que existem meios capazes de preenchê-lo.

Mas quando você se aproxima do amor surge um grande medo, surge a a dúvida: se você relaxar, se realmente mergulhar nele, será capaz de voltar novamente? Será capaz de proteger sua identidade, sua personalida? Vale a pena correr o risco? E a nos você é subnutrido, mal alimentado, faminto, miserável — mas pelo menos você é. Desaparecendo em algum amor, quem sabe? Você irá desaparecer, e qual é a garantia de que haverá felicidade, haverá beatitude, haverá Deus? É o mesmo medo que uma semente experimenta quando começa a morrer no solo. Isso é morte, e a semente é incapaz de conceber que haverá vida surgindo desta morte.

TANTRA: O Caminho da Aceitação


Esta é a mensagem do Tantra: não viva uma vida reprimida; do contrário, você simplesmente não viverá. Viva uma vida de expressão, de criatividade, de alegria. Viva do modo como Deus gostaria que você vivesse; viva de modo natural.



O princípio básico do Tantra, revolucionário e rebelde, é que o mundo não está dividido em inferior e superior, mas que ele é uma só peça. O inferior e o superior estão de mãos dadas; o superior contém o inferior e o inferior contém o superior. O superior está oculto no inferior; portanto, o inferior não precisa ser negado, não precisa ser condenado, não precisa ser destruído ou morto. O inferior precisa ser transformado, ter permissão de se mover para cima, e dessa maneira o inferior se torna o superior.

Veneno e néctar são duas fases da mesma energia, e assim é a vida e a morte, e assim é com tudo: dia e noite, amor e ódio, sexo e superconsciência. O Tantra diz para nunca condenar nada, pois a atitude de condenação é destrutiva. Ao condenar algo, você nega a sí mesmo as possibilidades que se tornariam disponíveis a você, se você tivesse encorajado o inferior a evoluir. Não condene a lama, pois o lótus está oculto na lama; use a lama para produzir o lótus. É claro que a lama ainda não é o lótus, mas pode vir a ser. Uma pessoa criativa ajudará a lama a liberar seu lótus, de tal modo que o lótus possa ser manifesto.

Um novo tipo de ser humano está lutando para nascer, uma nova consciência está batendo à porta. E o futuro irá ser do Tantra, porque agora as atitudes dualistas não podem mais conservar o poder sobre a mente humana. Essas atitudes dualistas atuaram por séculos e mutilaram os seres humanos e os fizeram sentir-se culpados; elas não tornaram as pessoas livres, mas prisioneiras; elas também não fizeram as pessoas felizes, mas infelizes. Elas condenaram tudo – da comida ao sexo. O amor é condenado, o corpo é condenado, a mente é condenada. Elas não deixaram um único centímetro para você ficar e tiraram tudo, e você foi deixado sem chão, simplesmente sem chão. Este estado não pode mais ser tolerado, e o Tantra pode lhe dar uma nova perspectiva.”


Osho





Ser carnívoro, ou não ser....

Sobre o Vegetarianismo – OSHO




“A alimentação não-vegetariana é uma das causas básicas de toda a sociedade estar em uma luta praticamente contínua. Ela o torna insensível, duro como uma rocha, e cria raiva e violência em você".



Meus discípulos são vegetarianos não como um culto, não como uma crença, mas porque suas meditações os tornam mais humanos, mais do coração, e eles podem perceber toda a estupidez que é matar seres sensíveis para comer. É a sensibilidade deles e a consciência estética que os tornam vegetarianos.

Não ensino o vegetarianismo, pois ele é um sub-produto da meditação. Sempre que a meditação aconteceu, as pessoas se tornaram vegetarianas, sempre, por milhares de anos. Os jainistas são vegetarianos há milhares de anos. Você precisa saber que todos seus 24 mestres vieram da casta de guerreiros. Todos eles comiam carne; eles eram guerreiros profissionais. O que aconteceu com essas pessoas? A meditação transformou toda a visão delas. Não apenas suas espadas caíram de suas mãos juntamente com seu espírito guerreiro, mas um novo fenômeno começou a acontecer: um tremendo sentimento de amor para com a existência. Elas se tornaram absolutamente unas com o todo, e o vegetarianismo é apenas uma pequena parte dessa grande revolução.

O mesmo aconteceu com o budismo. O cristianismo, o islamismo e o judaísmo não são vegetarianos pela simples razão de que essas religiões nunca se depararam com a revolução que a meditação traz. Elas nunca se deram conta da meditação. O vegetarianismo não é minha filosofia, mas simplesmente um sub-produto. Não insisto nele, mas insisto na meditação. Seja mais alerta, mais silencioso, mais alegre, mas extasiado e encontre seu centro mais profundo. Com isso, muitas coisas seguirão por si mesmas e, vindo por si mesmas, não há repressão, não há luta, não há esforço, não há tortura. Para mim, a meditação é a única religião essencial, e tudo o que segue é virtude, pois vem espontaneamente.

 
Não tenho nada com o vegetarianismo, mas sei que, se você meditar, crescerá em você nova perceptividade e sensibilidade e você não poderá contribuir com a morte de animais. Há milhões de pessoas que nunca pensaram no vegetarianismo. Desde a infância elas contribuem com o assassinato de animais. Isso não é diferente do canibalismo. E, desde Charles Darwin, é um fato absolutamente científico que o ser humano evoluiu dos animais; então, você está matando seus próprios antepassados, e os devorando com alegria. Não faça algo tão maldoso! A meditação lentamente lhe traz de volta sua sensibilidade, e essa sensibilidade torna meu povo vegetariano. Isso é um ganho, e não uma perda. A humanidade perdeu seu coração, e precisamos trazê-lo de volta a todos que o desejam. Esse é o significado do meu sannyas.

 
Vocês cresceram em famílias que não se preocupavam com o que vocês comiam. Desde o começo, tudo o que lhes era dado, vocês aceitavam. Vocês se acostumaram com isso. Essa é uma das razões de que o maior número de iluminados aconteceu na Índia, pois este é o único país em que as pessoas são vegetarianas. Na Índia, também existem não-vegetarianos, mas, de não-vegetarianos, nenhuma pessoa se iluminou. O caso é semelhante no Ocidente. Isto fere seus condicionamentos, mas a verdade é que Moisés, Elias e Jesus não são nada, comparados com Gautama Buda, Vardhamana, Mahavira, Shankara e Nagarjuna, simplesmente nada. Seu florescimento, sua elevação… A distância entre Jesus e Gautama Buda é tão grande pela simples razão de que essas pessoas, Jesus, Moisés e Elias, são todas grosseiras, não são sensíveis o suficiente para se tornarem iluminadas. E porque elas não puderam se tornar iluminadas, não puderam ensinar o vegetarianismo a seus seguidores. Se eles tivessem se iluminado, a primeira coisa a lhes ensinar teria sido o vegetarianismo.

Se você come carne … então qual é a diferença entre você e os canibais? Na verdade, os canibais dizem que a carne mais deliciosa é a de humanos. Dessa maneira, se o sabor é o fator decisivo, por que não matarem uns aos outros, por que não matar o seu filho, a sua esposa? E é isso o que você está fazendo ao ser conivente com a morte de um animal – você está matando um marido, um filho, uma esposa, um pai, uma mãe.

Buda disse a seus discípulos para não comerem carne, pois não se trata apenas de uma questão de reverência à vida. Também é uma questão de que, se você não estiver repleto de reverência à vida, seu coração se tornará enrijecido; seu amor se tornará falso, sua compaixão será apenas uma palavra. A preocupação de Mahavira e de Gautama Buda era a de que o ser humano não deveria comer apenas para viver; ele deveria comer para crescer em uma consciência mais pura. Um comedor de carne permanece inconsciente, acorrentado à terra; ele não pode voar pelo céu da consciência. As duas coisas não podem coexistir: você estar se tornando mais e mais consciente e não estar nem mesmo consciente do que está fazendo, e apenas para satisfazer o paladar, o que é impossível sem matar. Você pode se alimentar de comidas vegetarianas deliciosas; então, comer carne é absolutamente desnecessário, um hábito apodrecido do passado.

O jainismo é a primeira religião que tornou o vegetarianismo uma necessidade fundamental para a transformação da consciência, e eles estão certos. Matar apenas para comer torna a sua consciência pesada, insensível, e você precisa de uma consciência muito sensível, muito leve, muito amorosa, muito compassiva. É muito difícil para um não-vegetariano ser compassivo, e, sem ser compassivo e amoroso, você estará freando seu próprio progresso. Temos uma expressão: “Não tenho estômago para isso.” Essa é uma expressão exatamente precisa. Há coisas para as quais você não tem estômago. Alguém lhe insulta e você diz: “Não tenho estômago para isso, não posso engolir essa.” Quando a mente começa a mudar, paralelo a isso o estômago começa a mudar. Esta é minha observação, que as pessoas que meditam terão de chegar ao momento em que seus estômagos terão de ser reajustados. É por isso que os grandes meditadores vieram a acreditar no vegetarianismo. Essa não era uma filosofia, nada tinha a ver com qualquer atitude filosófica. Através de meditações profundas eles vieram a compreender que não tinham estômago para muitas coisas, era impossível.

O vegetarianismo nada mais é do que um sub-produto da meditação profunda.

Se uma pessoa segue meditando, aos poucos perceberá que é impossível comer carne. Não que alguém diga para não comer, mas, se você entrar fundo em meditação, um dia não terá estômago para isso, será nauseante. A própria idéia de comer carne lhe dará ânsia de vômito e ela não será tolerada pelo seu estômago. Agora você está sentido que está em um mundo suave, tão sutil e refinado que não pode acreditar que antes comia carne. Parece impossível, e para quê? Podemos colocar carne e coisas assim no estômago porque muitos instintos primitivos estão na mente: raiva, ganância, ódio, violência. Uma vez desaparecidas essas coisas da mente, então o paralelo também desaparecerá no estômago. A contribuição de Pitágoras à filosofia ocidental é imensa, incalculável. Pela primeira vez, ele introduziu o vegetarianismo ao Ocidente. A idéia do vegetarianismo é de imenso valor; ela está baseada na grande reverência à vida.

A mente moderna pode agora entender isso de uma maneira muito melhor, pois agora sabemos que todas as formas de vida estão interligadas, são interdependentes. O ser humano não é uma ilha, ele existe em uma rede infinita de milhões de formas de vida e de existência. Existimos em uma corrente, não estamos separados. E destruir outros animais não é apenas feio e desumano, mas também não-científico. Estamos destruindo nossa própria fundação, já que a vida existe em uma unidade orgânica. O ser humano existe como parte dessa orquestra. O vegetarianismo simplesmente significa: não destrua a vida; vida é Deus. Evite destruí-la, senão você estará destruindo a própria ecologia. E há algo muito científico por trás disso. Não é por acaso que todas as religiões que nasceram na Índia são basicamente vegetarianas e que todas as que nasceram fora da Índia são não- vegetarianas. Os cumes mais elevados da consciência religiosa nasceram na Índia.

O vegetarianismo funciona como uma purificação.

Quando você come animais, fica pesado, é puxado mais em direção à terra. Quando você é vegetariano, fica leve, está mais sob a lei da graça, sob a lei do poder e começa a ser puxado em direção ao céu. Sua comida não é apenas comida, ela é você. O que você come, você se torna. Se você come algo que esteja fundamentalmente baseado em assassinato, em violência, não pode se elevar acima da lei da necessidade. Você se tornará mais ou menos um animal. O humano nasce quando você começa a se mover acima dos animais, quando começa a fazer algo a si mesmo que nenhum animal pode fazer. O vegetarianismo é um esforço consciente, um esforço deliberado, para tirá-lo do peso que o mantém atado à terra, de tal modo que assim você possa voar.

 
Quanto mais leve a comida, mais profunda será a meditação. Quanto mais grosseira a comida, então a meditação se torna mais e mais difícil. Não estou dizendo que a meditação é impossível para um não-vegetariano; ela não é impossível, mas é desnecessariamente difícil. É como um homem que sobe uma montanha e carrega muitas pedras. É possível que, mesmo carregando pedras, você possa chegar ao topo da montanha, mas isso cria problemas desnecessários. Você poderia ter jogado fora essas pedras, poderia ter se aliviado e a escalada poderia ser mais fácil e mais agradável. A pessoa inteligente não carrega pedras quando sobe uma montanha, não carrega nada desnecessário. E, quanto mais alto ela estiver, mais e mais leve ficará; mesmo se estiver carregando algo, ela o abandonará. O vegetarianismo é de imensa ajuda, ele muda a sua química.

 
Quando um animal é morto, ele está com raiva, com medo, naturalmente. Quando você mata um animal… Pense em você sendo morto. Qual será o estado de sua consciência? Qual será sua psicologia? Todos os tipos de veneno serão liberados em seu corpo, pois, quando está com raiva, um certo tipo de toxina é liberada em seu sangue. Quando você está com medo, de novo outros tipos de toxinas serão liberadas em seu sangue. E, quando você está sendo assassinado, esses são o medo e a raiva supremos. Todas as glândulas de seu corpo liberam todos os seus venenos. E o ser humano segue vivendo dessa carne envenenada. Se ela o mantém raivoso, violento, agressivo, isso não é estranho, mas natural.

 
Quando você vive da morte, não tem nenhum respeito pela vida, é inimigo da vida. E quem é inimigo das criaturas de Deus também não pode ser amigo de Deus. Se você destruir uma pintura de Picasso, não pode ser respeitoso para com Picasso, é impossível. Todas as criaturas pertencem a Deus; Deus vive nelas, respira nelas. Elas são sua manifestação, assim como você. Elas são irmãos e irmãs. Quando você vê um animal, se a idéia de irmandade não lhe surgir, você não sabe o que é prece, nunca saberá o que é prece. E é tão feia a própria idéia de que apenas por comida, apenas pelo paladar, você pode destruir a vida. É impossível acreditar que o ser humano siga fazendo isso.

 
Pitágoras foi o primeiro a introduzir o vegetarianismo no Ocidente. É de uma grande profundidade o ser humano aprender a viver em irmandade com a natureza, em irmandade com as criaturas. Essa é a base, e somente sobre essa base você pode basear sua prece, sua meditatividade. Você pode observar por si mesmo: quando você come carne, a meditação será mais difícil. É um fato inquestionável que, se você quiser meditar, se quiser silenciar a mente, se quiser ficar leve, tão leve que a terra não possa puxá-lo para baixo, tão leve que você comece a levitar, tão leve que o céu se torne disponível a você, então precisará se mover do condicionamento não-vegetariano para a liberdade do vegetarianismo.

O vegetarianismo não tem nada a ver com religião: ele é algo basicamente científico. Ele não tem nada a ver com moralidade, mas muito a ver com estética. É inacreditável que um ser humano de sensibilidade, de consciência, de compreensão e de amor possa comer carne. E, se ele puder comer carne, então algo está faltando; em alguma dimensão ele ainda está inconsciente do que está fazendo, inconsciente das implicações de seus atos. Mas Pitágoras não foi ouvido, não foi acreditado; pelo contrário, foi ridicularizado e perseguido. E ele trouxe um dos maiores tesouros do Oriente para o Ocidente, ele trouxe um grande experimento. Se ele tivesse sido ouvido, o Ocidente teria se tornado um mundo totalmente diferente.
Não podemos mudar a consciência humana a menos que comecemos a mudar o corpo humano. Quando você come carne, está absorvendo o animal em você, e o animal precisa ser transcendido. Evite! Você terá que observar toda a sua vida, terá que observar cada pequeno hábito em detalhe, pois, algumas vezes, algo muito pequeno pode mudar toda a sua vida. Algumas vezes pode ser algo muito simples, e ele pode mudar a sua vida tão totalmente que parece inacreditável.

Tente o vegetarianismo e você ficará surpreso: a meditação se tornará mais fácil, o amor se tornará mais sutil e perderá sua grosseria, se tornará mais sensível e menos sensual, e o seu corpo também começará a ter uma vibração diferente; você se tornará mais gracioso, mais suave, mais feminino, menos agressivo, mais receptivo. O vegetarianismo é uma mudança alquímica em você, ele cria o espaço no qual o metal básico pode ser transformado em ouro.”



Osho




A verdadeira essência imortal do indivíduo

O Ensinamento Supremo



Espontaneidade, insight, naturalidade e equilíbrio são as bases para a libertação e para a realização. Eles são os quatro elementos básicos da matéria em um plano superior, e a Libertação é o quinto elemento do Espaço — Sunya, o Absoluto. A plataforma de ensino de todos os gurus Adi-Nathas propõe que a humanidade perceba sua própria divindade — que eles não são o corpo, mas almas imortais. Isto em si mesmo constitui o fundamento dos ensinamentos dos Upanishads, do Bhagavad e do Uddhava Gitas, e dos Puranas.

Esta é a essência de todos os grupos, seitas e sociedades que afirmam ter ensinamentos secretos ou esotéricos. Quando o homem compreende isso não há mais nada que precise ser conhecido — ele terá feito tudo que precisava ser feito. É a Verdade — a Sabedoria Suprema — que elimina o medo, o ódio, a casta, o ciúme, o nacionalismo, o ego, a ignorância, a aversão, a repulsa e o apego à vida. É a essência do conhecimento que faz o homem ver a inutilidade do apego.

A verdadeira essência imortal do indivíduo não chora ou clama por atenção ao corpo e não precisa de nenhum ornamento. Está além de todo o medo e frustração, pois nada no mundo relativo pode causar-lhe mal ou criar-lhe obstáculos. Esta compreensão, desde que plenamente consciente, fará o discípulo ver que mesmo os conceitos de libertação são todos relativos, porque a alma é imortal e sempre foi livre.

Então, como pode haver libertação de algo que já está liberto? Ou união com o Absoluto quando a alma nunca esteve separada d’Ele? Se isto é verdadeiro e óbvio, por que então homens e mulheres permanecem presos à relatividade e pensam que as coisas relativas e materiais são reais?

A resposta é maya, o poder mágico e místico de Shakti que manifesta, constrói e cria o relativo e constitui a ilusão básica da humanidade. Isto significa que entre a Verdade e a humanidade existe o véu eterno da ilusão de maya. Rasgue o véu e a Verdade, não mais obscurecida, revelar-se-á sozinha.

Trecho de The Yoga Vidya of Immortality — The Story of the Adi-Nathas, de Shri Gurudev Mahendranath. Traduzido por Christian Rocha.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Rock e cinema juntos

Mechanics é uma das atrações da Mostra Trash com os clipes “Máquina” e “War”


Por: Mariana Lourenço


O Mechanics é a prova de que uma banda de rock não precisa ser apenas uma banda de rock. O diálogo com outras formas de expressão também é válido (e muito bem vindo!). Em seus quinze anos de estrada, o grupo sempre inovou ao buscar esta troca direta com as artes – tanto na literatura, no projeto gráfico, quadrinhos, gravuras e, claro, cinema. Esta influência pode ser vista em dois trabalhos do Mechanics que estão em cartaz na 5ª Mostra Trash: os clipes de “Máquina” e de “War”. A mostra movimenta o Centro Cultural Goiânia Ouro de amanhã (15/4) a domingo.


Quem for conferir os vídeos e ficar com saudade dos shows ao vivo do Mechanics, é só dar um pulinho no sábado (17) no Rock Solidário que acontece no Circo Laheto. Eles sobem ao palco ao lado mais 14 bandas. Para entrar, é só doar 1kg de alimento não-perecível (exceto sal e fubá) + R$2,00.


Máquina


Começa nesta quinta-feira, 15 de abril, a Mostra Trash – 5ª Mostra Goiana de Filmes Independentes. O evento marca o calendário audiovisual de Goiânia até domingo (18). Na programação, um dos destaques é o vídeo da música Máquina, do grupo Mechanics. A faixa faz parte do novo álbum da banda, 12 Arcanos, e entra na categoria independente com muita propriedade. Todos os processos de produção do vídeo (gravação, edição, produção, etc.) foram feitos pelo guitarrista da banda, Katú. A qualidade e o ritmo da edição têm surpreendido o público e crítica especializada por onde passa. O conceito combina com a identidade do Mechanics e de seu disco 12 Arcanos e o clima soturno em preto em branco servem de base para o peso sonoro.


War


Nesta quinta-feira (15/4), o cineasta carioca Christian Caselli, mais conhecido com KZL, marca presença na Mostra Trash, com uma sessão exclusiva em sua homenagem. Um dos trabalhos do cineasta que será exibido é o videoclipe do Mechanics para a música War. O trabalho é uma animação dos quadrinhos de Fábio Zimbres, que compõem o projeto "Música para Antropomorfos", lançado em 2007; uma parceria entre o quadrinista e a banda goiana, que consiste em um livro (HQ) e cd interativos – no qual uma obra complementa a outra e vice-versa.


Como bem define o vocalista Márcio Júnior, a animação dirigida por Caselli “parece a incorporação mediúnica de Jack Kirby (ilustrador clássico da Marvel Comics, criador, entre outros, do Quarteto Fantástico, Capitão América e Surfista Prateado) pelo quadrinista brasileiro Fabio Zimbres”.


Christian Caselli, mais conhecido pela animação “O paradoxo da espera do ônibus” (2007), também é curador e responsável pela parte videográfica da Mostra do Filme Livre na Trash e vai ministrar uma oficina com o nome de "Cinema de guerrilha: filme com seu celular!”.


Mechanics é:


Márcio Jr. (Vocais)


Katú (Guitarra)


Ricardo Darin (Guitarra)


Little John (Baixo)


Pedro Henrique (Bateria)


Mais informação no site: www.mostratrach.com.br

sábado, 10 de abril de 2010

Wicca


A Wicca é uma religião em que não existem livros sagrados, nem profetas a justificá-los, hierarquia ou dogmas. Não faz apelo a uma fé única e exclusiva, não tem mandamentos e promove acima de tudo o respeito e a diversidade. Não é também um sincretismo religioso porque vários sincretismos são possíveis. É uma escolha pessoal para aqueles que sentem que a sua percepção do sagrado não só não se enquadra nos esquemas tradicionais como é algo demasiado individual para se sujeitar a conjuntos de regras e crenças que outros determinaram. As poucas regras existentes na Wicca têm um caráter essencialmente funcional e são vistas não como mandamentos de qualquer divindade ou profeta iluminado, mas como simples normas de relacionamento entre pessoas que partilham interesses comuns. São apenas alguns princípios genéricos ligados a valores ecológicos e individuais de largo consenso e à liberdade de expressão da religiosidade como é sentida e recriada por cada um. O seu espírito está bem patente na regra básica "Faz o que quiseres desde que não faças mal", a única regra que todos os membros da Wicca procuram seguir. A Wicca tem a sua maior implantação nos países anglo-saxônicos, onde a longa tradição democrática e o Protestantismo permitem um maior individualismo - chamando a estes praticantes de Bruxos Solitários. E para além das práticas individuais, os wiccanos agrupam-se em pequenos núcleos, tradicionalmente de 13 pessoas - ao qual chamamos de Coven. Cada Coven possui as suas regras e tradições; e ainda podem juntar-se em grandes encontros. Nestes encontros estendem-se ao campo religioso os princípios de liberdade de expressão e de associação já há muito aplicados em outros setores da sociedade. Ao contrário de outras religiões e de outras organizações, não existe aqui uma estrutura hierárquica nem uma autoridade central. Os wiccanos recomendam àqueles que buscam a Arte, que aceitem esses poucos princípios básicos: nós praticamos ritos para nos alinharmos ao ritmo natural das forças vitais, marcadas pelas fases da Lua, e aos feriados sazonais. Nós reconhecemos que nossa inteligência nos dá uma responsabilidade única em relação a nosso meio ambiente. Buscamos viver em harmonia com a Natureza, em equilíbrio ecológico, oferecendo completa satisfação à vida e à consciência, dentro de um conceito evolucionário. Nós damos crédito a uma profundidade de poder muito maior que é aparente a uma pessoa normal. Por ser tão maior que ordinário, é às vezes chamado de "sobrenatural", mas nós o vemos como algo naturalmente potencial a todos. Nós vemos o Poder Criativo do Universo como algo que se manifesta através da Polaridade - como masculino e feminino - e que ao mesmo tempo vive dentro de todos nós, funcionando através da interação das mesmas polaridades masculina e feminina. Não valorizamos um acima do outro, sabendo serem complementares. Nós reconhecemos ambos os mundos exterior e interior, ou mundos psicológicos - às vezes conhecidos como Mundo dos Espíritos, Inconsciente Coletivo, Planos Interiores, etc. - e vemos na interação de tais dimensões a base de fenômenos paranormais e exercício mágico. Não negligenciamos qualquer das dimensões, vendo ambas como necessárias para nossa realização. Nós não reconhecemos nenhuma hierarquia autoritária, mas honramos aqueles que ensinam, respeitamos os que dividem maior conhecimento e sabedoria, e admiramos os que corajosamente deram de si em liderança. Nós vemos religião, mágica, e sabedoria como sendo unidas na maneira em que se vê o mundo e se vive nele - uma visão de mundo e filosofia de vida, que identificamos como Bruxaria ou o Caminho Wiccano. Chamar-se "Bruxo" não faz de você um Bruxo - assim como a hereditariedade, ou a coleção de títulos, graus e iniciações. Um Bruxo busca controlar as forças interiores, que tornam a vida possível, de modo a viver sabiamente e bem, sem danos a outros e em harmonia com a Natureza. Nós reconhecemos que é a afirmação e satisfação da vida, em uma continuação de evolução e desenvolvimento da consciência, que dá significado ao Universo que conhecemos, e a nosso papel pessoal dentro do mesmo. Nossa única animosidade acerca da Cristandade, ou de qualquer outra religião ou filosofia, dá-se pelo fato de suas instituições terem clamado ser "o único verdadeiro e correto caminho", e lutado para negar liberdade a outros, e reprimido diferentes modos de prática religiosa e crenças. Não nos sentimos ameaçados por debates a respeito da História da Arte, das origens de vários termos, da legitimidade de vários aspectos de diferentes tradições. Somos preocupados com nosso presente e com nosso futuro. Nós não aceitamos o conceito de "mal absoluto", nem adoramos qualquer entidade conhecida como "Satã" ou "o Demônio" como defendido pela Tradição Cristã. Não buscamos poder através do sofrimento de outros, nem aceitamos o conceito de que benefícios pessoais só possam ser alcançados através da negação de outros. Trabalhamos dentro da Natureza para aquilo que é positivo para nossa saúde e bem estar.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Comissão da PEC do diploma ainda aguarda indicações para ser instalada

Por Mariana Lourenço
A Comissão Especial que analisará a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restabelece o diploma de Jornalismo para o exercício da profissão foi criada há mais de um mês. Entretanto, ainda aguarda indicações para ser instalada. Até o momento, PPS, DEM e PSDB não enviaram todos os nomes que devem compor a Comissão. Segundo a deputada federal, Rebecca Garcia (PP-AM), em entrevista na TV Câmara, este é o único empecilho na tramitação da matéria.

A deputada diz que envia cartas para os partidos pedindo urgência nas indicações. E que o trabalho no momento é esse. Além de suger aos sindicatos que pressionem os partidos pela urgência na instalação da Comissão, explicou a deputada, que instalou a Frente Parlamentar da Câmara em defesa do diploma.

Para que os trabalhos sejam iniciados, a Comissão deverá contar com 18 deputados titulares e 18 suplentes. Ainda restam oito vagas como titulares e 11 como suplentes em aberto. Apesar de ser o autor da PEC, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) foi indicado pelo partido como suplente na Comissão. A comissão vai avaliar o mérito da proposta. Caso seja aprovada, a PEC irá para votação em Plenário.

Confira os deputados indicados o momento:
Bloco PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB
Titulares:
Carlos Abicalli - PT/MT
Colbert Martins - PMDB/BA
Fátima Bezerra - PT/RNFrancisco Praciano - PT/AM
Geraldo Resende - PMDB/MS
Hugo Leal - PSC/RJ
Paes Landim - PTB/PI
Rebecca Garcia - PP/AM
Uma vaga em aberto

Suplentes:
Afonso Hamm - PP/RSDr.
Rosinha - PT/PR
Luiz Couto - PT/PB
Lupércio Ramos - PMDB/AM
Paulo Pimenta - PT/RS
Rose de Freitas - PMDB/ES
Três vagas em aberto
Bloco PSDB/DEM/PPS
Titulares:Vic Pires Franco - DEM/PA
Quatro vagas em aberto
Suplentes:
Cinco vagas em aberto
Bloco PSB/PDT/PCdoB/PMN
Titulares:
Lídice da Mata - PSB/BA
Wilson Picler - PDT/PR
Suplentes:
Manuela d'Ávila - PCdoB/RS
Uma vaga em aberto
PV
Uma vaga de titular e uma de suplente em aberto
PSOL
Uma vaga de titular e uma de suplente em aberto

quinta-feira, 8 de abril de 2010

E o diploma de jornalista, Meritíssimo?

por Luís Peazê (*)
Dia do Jornalista
No princípio era o fato. Não havia ninguém para contar a história. Os fatos foram se acumulando e as pessoas se interessando cada vez mais sobre as novidades. Assim surgiu a notícia.
A primeira notícia foi contada num tronco de árvore deitado no meio da estrada. “Aqui eu vi um animal tão alto quanto às árvores ao redor, de quatro patas e um rabo muito grande, matei o animal com um tacape na presença de minha família, mulher, dois filhos e um parente. Depois seguimos em fila, do jeito de sempre”.
Surgiu o precursor do jornalista, um homem comum acumulando duas ocupações, a de caçador e cronista. Narrava a cronologia de suas andanças, quando algo inusitado acontecesse. Andava sem parar. Quando parou, surgiu um outro tipo de homem: o caixeiro viajante, o segundo precursor do jornalista, mais descritivo e mais seletivo nas notícias narradas pessoalmente, nas terras para onde viajava. Nesta época surgiram vários tipos de homens, os tipos diferentes de mulheres só surgiriam muito tempo depois.
Surgiram também os cronistas, intérpretes dos caixeiros viajantes e estudiosos da palavra escrita, com símbolos vários, depois consolidados em letras. Começaram a surgir as várias formas móveis de se divulgar as notícias, encadeadas na forma de histórias.
A partir daí o mundo nunca mais foi o mesmo. Pode-se afirmar o seguinte: sem a divulgação das notícias o homem não evoluiria ao ponto e da forma como evoluiu até os dias de hoje. Foi preciso cruzar oceanos desconhecidos, ultrapassar cadeias de montanhas aparentemente intransponíveis, enfrentar diferenças climáticas extremas, as barreiras das diferentes línguas, tudo dificultava a evolução do homem. Somente a divulgação da notícia, ou do conhecimento, a comunicação na sua essência, possibilitou e possibilita a evolução contínua do homem.
Desde àqueles primórdios do jornalismo e durante muito tempo, o precursor do jornalista apreendia informação sobre outras atividades humanas, profissões, para contar histórias, reportar as notícias, mas ele mesmo não tinha uma profissão definida. Um aventureiro irresponsável de nome Marco Pólo parte com seus navios sem rumo definido; a enchente do Rio Nilo deste ano influenciou na colheita do trigo, menor quantidade, subiu o preço; um novo fabricante de perfume chegou a Paris; fulano será enforcado; o Santo Padre mandou construir outra igreja...
Os meios disponíveis para fazer suas reportagens e imprimir as notícias eram poucos e simplórios, a apuração das notícias não era nada sofisticada e o público em geral não havia descoberto ainda a importância da imprensa, falada e escrita. Jamais imaginaria uma mídia instantânea, a disseminação da informação à velocidade da luz e a possibilidade de interação com a notícia.
Não faz muito tempo, do romântico grito na rua do menino vendedor de jornais – Extra! Extra! Extra! – ao silencioso painel eletrônico na fachada do edifício de uma megalópole divulgando em tempo real a descoberta para o câncer, a eclosão de mais uma guerra insana ou o vencedor da Copa do Mundo de Futebol, passaram-se apenas cinco séculos, mas o mundo evoluiu exponencialmente muito mais em comparação com a lenta evolução do narrador no tronco ao caixeiro viajante.
O jornalista de hoje pode operar o inconsciente coletivo, operar o sentimento das massas, guindar um desconhecido à fama repentina ou à difamação irreparável instantaneamente.
Através dessa evolução, desde a prensa de Guttenberg (para não se ir mais longe) a demanda pela ética e a complexidade jurídica do termo responsabilidade solidária impõem a formação criteriosa acadêmica, e o seu aperfeiçoamento contínuo, do jornalista, de um modo tão crítico quanto o é o de um neurocirurgião, o de um engenheiro espacial, o de um jurista, cuja essência, diga-se de passagem, qualquer indivíduo poderia, em tese, ser capaz de desempenhar tal função social. Mas ele precisa ter um diploma, do contrário a sociedade, a lei, não lhe autoriza julgar ninguém. Daí uma das razões, entre outras, da importância do diploma para o desempenho da função de jornalista.