Dinamização mental

"Quando o teu conhecimento se libertar de qualquer ilusão, então compreenderás a verdade daquilo que ouviste e ainda ouvirás, e te possuirás a ti mesmo imperturbavelmente. Anuviu-se a tua mente e dúvidas se apoderaram de ti; quando deste ouvidos a opiniões contraditórias; quando ela se tornar pura, iluminada e firmemente estabalecida no EU, então atingirás a tua auto realização. Quando alguém permanece calmo e sereno no meio de sofrimentos, quando não espera receber do mundo objetivo permanete felicidade e quando é livre de apego, medo e ódio - então é ele um homem de perfeita sabedoria. Quando não é apegado a um e indiferente a outro; enquanto não se alegra em excesso com o que é agradável, nem se entristece excessivamente com o que é desagradável - então é ele um homem de perfeita sabedoria. Portanto o sábio não se entristece com nada, nem por causa dos mortos, nem por causa dos vivos. Quando os sentidos estão identificados com objetos sensórios, experimentam sensações de calor e de frio, de prazer e de sofrimento - estas coisas vêm e vão; são temporárias por sua própria natureza. Suporta-as com paciência! Mas quem permanece sereno e impertubável no meio de prazer e sofrimento, somente esse é que atinge imortalidade. O que é irreal (ex: amor) não existe, e o que é real nunca deixa de existir. Os videntes da Verdade compreendem a íntima natureza tanto disto como daquilo, q diferença entre o Ser e o parecer. A essencia não pode parecer, nem morre ainda que as formas pareçam. Quem pensa sempre em objetos sensórios apega-se a eles. Desse apego nasce o prazer e o prazer gera inquietação. A inquietação produz ilusão; a ilusão destrói a nitidez da discriminação, esquece-se o homem da sua natureza espiritual - e com isto vai rumo ao abismo. Mas o homem que possui domínio sobre o mundo dos sentidos e da mente, sem odiar nada nem se apegar a nada, orientado pelo Eu central, esse encontra a paz. Essa paz neutraliza todas as inquietações, e o homem que goza de paz, goza verdadeira beatitude - e acaba por superar também os males externos. Homem de perfeita sabedoria é aquele que possui perfeito domínio sobre seus sentidos com relação aos objetos sensórios. "

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Corte Interamericana responsabiliza Brasil por desaparecidos do Araguaia

Guerrilha

Agência Brasil

Brasília - A Corte Interamericana de Direitos Humanos considerou o Brasil responsável pelo desaparecimento forçado de 62 pessoas na Guerrilha do Araguaia, entre 1972 e 1974, durante o regime militar, e determinou que o governo investigue penalmente os fatos "por meio da Justiça ordinária" e puna os responsáveis.
A sentença, divulgada terça feira (14) pelo tribunal em San José, na Costa Rica, afirma que a interpretação da Lei de Anistia, de 1979, não pode continuar a ser um "obstáculo" para a investigação dos fatos e punição dos responsáveis.


"Foi analisada a compatibilidade da Lei de Anistia nº 6.683/79 com as obrigações internacionais assumidas pelo Brasil à luz da Convenção Americana sobre Direitos Humanos", diz a sentença do caso, chamado de "Gomes Lund e outros versus Brasil".

"Com base no direito internacional e em sua jurisprudência constante, a Corte Interamericana concluiu que as disposições da Lei de Anistia que impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a Convenção Americana e carecem de efeitos jurídicos", afirma a sentença.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

EU TE COMPREENDO...

Por: Mariana Lourenço

Eu imagino suas tensões, os seus vazios e a sua inquietude. Eu imagino a luta que tens travado à procura de Paz. E sei que é dificíl alcançá-la. Imagino as decepções, dos seus propósitos não cumpridos, das suas vacilações e dos seus desânimos. Eu te compreendo... Imagino o quanto você tem tentado resolver as suas preocupações profissionais, familiares, afetivas, financeiras e sociais. Imagino que o mundo, de vez em quando, parece um grande peso que sentes obrigado a carregar. E tantas vezes, sem medir esforços. Eu percebo suas dúvidas, as dúvidas da natureza humana.

Percebo como se sentes pequeno quando teus sonhos acalentados vão por terra, quando suas expectativas não são correspondidas. E essas inseguranças com o amanhã? E aquela inquietação atroz em não saberes se amanhã as pessoas que hoje te rodeiam ainda estarão contigo? De não saberes se reconhecerão o seu trabalho, se reconhecerão o teu esforço. E, por tudo isto, sofres, e te sentes como um barco sozinho num mar imenso e agitado. E não ignoro que, muitas vezes, sentes uma profunda carência de amor. Quantas vezes pensa em resolver definitivamente seus conflitos internos ou no trabalho. E nem sempre encontra a receptividade esperada. Eu sei o quanto dói seus limites humanos e o quanto às vezes parece difícil uma harmonia íntima. E não poucas vezes, a descrença toma conta do teu coração.

Eu te compreendo... Compreendo até suas mágoas, a tristeza pelo que te fizeram, a tristeza pela incompreensão que te dispensaram, pelas ingratidões, pelas ofensas, pela palavras rudes que recebeste. Compreendo até suas saudades e lembranças. Saudade daqueles que se afastaram de ti, saudade dos tempos felizes, saudade daquilo que não volta nunca mais... E seus medos? Medo de perderes o que possui, medo de não ser bom para aqueles que te cercam, medo de não agradares devidamente às pessoas, medo de não dar conta, medo de que descubram o seu íntimo, medo de que alguém descubra as tuas verdades e suas mentiras, medo de não conseguir realizar o que planejas, medo de expressar seus sentimentos, medo de que te interpretem mal.

Eu compreendo esses e todos os outros medos que tens dentro de ti. Sou capaz de entender também seus remorsos, as faltas que cometeste, o sentimento de culpa pelos pequenos ou grandes erros que praticaste na vida. E sei que, por causa de tudo isso, às vezes te encontras num profundo sentimento de solidão. É quando as coisas perdem a cor, perdem o gosto e te vês envolto numa fina camada de indiferença pela vida. Refiro-me àquela sua sensação de isolamento, como se o mundo inteiro fosse indiferente às tuas necessidades e ao teu cansaço. E nesse estado, és envolvido pelo tédio e cada ação ou obrigação exige de ti um grande esforço. Sei até das sensações de estares acorrentado, preso; preso às normas, aos padrões estabelecidos, às rotineiras obrigações: "Eu gostaria de... mas eu tenho que trabalhar, tenho que ajudar, tenho que cuidar de, tenho que resolver, tenho que!...".

Eu te compreendendo... Compreendo seus sacrifícios. E a quantas coisas tens renunciado, de quantos anseios tens aberto mão! E sempre acham que é pouco... Pouca coisa tens feito por ti e sua vida, quase toda ela, tem sido afinal dedicada a satisfazer outras pessoas. Sei do seu esforço em ajudar às outras pessoas. Sei que, nas horas mais amargas, até a revolta aflora em teu coração. Revolta com a injustiça do mundo, revolta com a fome, as guerras, a competição entre os homens, com a loucura dos que detêm o poder, com a falsidade de muitos, com a repressão social e com a desonestidade.

Por tudo isso, carregas um grau excessivo de tensões, de angústia e de ansiedade. Sonhas com uma vida melhor, mais calma, mais significativa. Sei também que tens belos planos para o amanhã. Sei que queres apenas um pouco de segurança, seja financeira ou emocional, e sei que luta por ela. Mas, mesmo assim, suas tensões continuam presentes. O fato é que carregas e acumulas tensões sobre tensões: tensões no trabalho, nas exigências e autoritarismos de alguns, e na inexistência de motivação, nos ambientes tóxicos da  (empresa) prefeitura, na inveja dos colegas, no que dizem por trás. Tensões na família, nas dependências devoradoras dos que habitam a mesma casa; nos conflitos; no desrespeito à tua individualidade, no controle e cobrança das tuas ações.

Eu te compreendo, e te compreendo mesmo. E apesar de compreender-te totalmente, quero dizer-te algo muito importante. Escuta agora com o coração o que vou dizer: Eu te Compreendo, mas não te apóio! Tu és o único responsável por todos estes sentimentos. A vida foi dada de graça e existem em ti remédios para todos os seus males. Se, no entanto, preferes a autocomiseração ao invés de mobilizares as tuas energias interiores, então nada posso te oferecer. Se preferes sonhar com um mundo perfeito, ao invés de defrontares com os limites de um mundo falho e humano, nada posso te oferecer. Se preferes lamentar teu passado e encontrar nele desculpas para a tua falta de vontade de crescer; se optastes por tentar controlar o futuro, o que jamais controlarás com todas as suas incertezas; se resolveste responsabilizar as pessoas que te rodeiam pela sua incompetência em tratar com os aspectos negativos delas, em nada posso te ajudar. Se trocaste o auto apoio pelo apoio e reconhecimento do teu ambiente, então nada posso te oferecer. Se queres ter razão em tudo que pensas; se queres obter piedade pelo que sentes; se queres a aprovação integral em tudo que fazes; se escolhestes abrir mão de um relacionamento saudavel dizendo desculpas banais, nada posso te oferecer. Se entendeste mal a regra máxima "Amar ao próximo como a ti mesmo", esquecendo de amar quem te ama, em nada posso te ajudar.

Se não tens um mínimo de coragem para estar com teus próprios sentimentos, sejam agradáveis ou dolorosos; se não tens um mínimo de humildade para te perdoares pelas suas imperfeições; se desejas impressionar os outros e angariar a simpatia para teus sofrimentos; se não sabes pedir ajuda e aprender com os que sabem mais do que tu; se preferes sonhar, ao invés de viver, ignorando que a vida é feita de altos e baixos, nada posso te oferecer. Se usas a imperfeição do mundo para justificar as tuas próprias imperfeições; se queres ser onipotente, quando de fato és simplesmente humano; se preferes proteção à tua própria liberdade; se interiorizaste em ti desejos torturadores; se deixaste imprimirem-se em tua mente venenosas ordens de: "Apressa-te!", "Não erres nunca!", "Agrade sempre!"; se escolheste atender às expectativas de todas as pessoas; se és incapaz de dar um Não quando necessário, em nada posso te ajudar. Se queres acreditar que existe segurança fora de ti, repito: Eu te Compreendo mas, em nome do verdadeiro Amor, jamais poderia apoiar-te!

Se recusas buscar no âmago do teu ser respostas para os teus descaminhos, se dás pouca importância a teus sussurros interiores; se esqueceste a unidade intrínseca dos opostos em nossa vida terrena; se preferes o fácil e abandonaste a paciência para o Caminho; se fechaste teus ouvidos ao chamado de retorno; se não quiseste ver a Luz que vem do Leste; se não consegues encontrar no íntimo das coisas aquele ponto seguro de equilíbrio no meio de todas as tormentas e vicissitudes; se não aceitas a tua vocação de Viajante com todos os imprevistos e acidentes da jornada; se não queres usar o tempo, o erro, a queda e a morte como teus aliados de crescimento, realmente nada posso fazer por ti.

Se aspiras obter proteção quando o que precisas é Liberdade; se não descobriste que a verdadeira Liberdade e a autêntica segurança são interiores; se não sabes transformar a frase "Eu tenho que..." na frase "Eu quero!"; se queres que o fantasma do passado continue a fechar teus olhos para a infinidade do teu aqui e agora; se queres deixar que o fantasma do futuro te coloque em posição de luta com o que ainda não aconteceu e, provavelmente, não chegará a acontecer; se optaste por tratar a ti mesmo como a um inimigo; se te falta capacidade para ver a si mesmo como alguém que merece da tua própria parte os maiores cuidados e a maior ternura;  se achas que é amor o apego que cultivas pelos teus parentes e amigos; se queres ignorar, em nome da seriedade e da responsabilidade, a criança brincalhona que habita em ti; se alimentas a vergonha de te enternecer diante de uma flor ou de um por de sol; se através da lamentação recusas a vida como dádiva e como graça, não posso te apoiar.

Mas, se apesar de todo o sono, queres despertar; se apesar de todo o cansaço, queres caminhar; se apesar de todo o medo, queres tentar; se apesar de toda acomodação e descrença, queres mudar, aceita então esta proposta para a tua Felicidade: A raiz de todas as tuas dificuldades são teus pensamentos negativos. São eles que te levam para as dores das lembranças do passado e para a inquietação do futuro. São esses pensamentos que te afastam da experiência de contato com teu próprio corpo, com o teu presente, com o teu aqui e agora e, portanto, distanciando-te de teu próprio coração. Tens presentes agora as suas emoções? Tens presente agora o fluxo da sua respiração? Tens presente agora a batida do seu coração? Tens agora a consciência do seu próprio corpo? Este é o passo primordial. TSu corpo é concreto, real, presente, e é nele que o sofrimento deságua e é a partir dele que se inicia a caminhada para a Alegria. Somente através dele se encaminha o retorno à Paz.

Jamais resolverás os teus problemas somente pensando neles. Começa do mais próximo, começa pelo corpo. Através dele chegarás ao teu centro, ao teu vazio, àquele lugar onde a semente germina. Através da consciência corporal, galgarás caminhos jamais vistos, entrarás em contato com os teus sentimentos, perceberás o mundo tal como é e agirás de acordo com a naturalidade da vida. Assume o teu corpo e os seus sentimentos, por mais dolorosos que sejam; assume e observa-os, simplesmente observa-os. Não tentes mudar nada, sê apenas a sua dor. Presta atenção, não negues a sua dor. Para que fingir estar alegre se estás triste? Para que fingir coragem se estás com medo? Para que fingir amor se estás com ódio? Para que fingir paz se estás angustiado? Não lutes contra seus sentimentos, fica do teu próprio lado, deixa a dor acontecer, como deixas acontecer os bons momentos. Pára, deixa que as coisas sejam exatamente como são. Entra nos seus sentimentos sem os julgar, não fujas deles, não os evites, não queira resolvê-los escapando deles - depois terás de te encontrar com eles novamente, é apenas um adiamento, uma prorrogação. Torna-te presente, por mais que te doa. E, se assim fizeres, algo de muito belo acontecerá!

Assim como a noite veio, ela também se irá e então testemunharás o nascer do dia, pois à noite o sol escurece até a meia-noite e, a partir daí, começa um novo dia. Se assim fizeres, sentirás brotar de dentro de ti uma força que desconhecias e te sentirás renovado na esperança e a vida entrando em ti. Se assim fizeres, entenderás com o coração que a semente morre mesmo, totalmente, antes de germinar e que a morte antecede a vida. E, se assim fizeres, poderei dizer-te então que: Eu te Compreendo e que, assim, tens todo o meu apoio! E verás com muita alegria que, justamente agora, já não precisas mais do meu apoio, pois o foste buscar dentro de ti e o encontraste dentro da tua própria dor!

Mensagens do Mestre

Quem conhece os outros é inteligente.


Quem conhece a si mesmo é sábio.


Quem vence os outros é forte.


Quem vence a si mesmo é poderoso.


Quem se faz valer tem força de vontade.


Quem é auto-suficiente é rico.


Quem não perde o seu lugar é estável.


Quem mesmo na morte não perece, esse vive.






Quem conhece os outros é inteligente.


Quem conhece a si mesmo é iluminado.


Quem vence os outros é forte.


Quem vence a si mesmo é invencível.


Quem sabe estar satisfeito é rico.


Quem segue seu caminho é inabalável.


Quem permanece em seu lugar perdura.


Quem morre sem deixar de ser conquistou a imortalidade.






by Tao Te King

O instinto da cura

Por: Mariana Lourenço

O poder de auto-regeneração que vemos no corpo afetado por um resfriado existe, da mesma forma, dentro do nosso cérebro. Nem tudo precisa de uma forcinha externa. Em muitas situações do cotidiano, a mente se encarrega do trauma sozinha. "Se você briga com seus filhos ou com seu chefe, você vai ficar chateado com isso por um tempo", afirma o neuropsiquiatra Roberto Louza. "Pode ter pesadelos, pode não conseguir se concentrar no dia seguinte. Mas normalmente depois de alguns dias, uma semana, no máximo, isso vai embora."

Em outros casos, a doença é persistente, como depressão ou síndrome do pânico. A maioria dos problemas que vão parar nos consultórios médicos não é mesmo capaz de se curar sozinha. Quando isso ocorre, o organismo precisa de ajuda. A questão é que caminho seguir. "Nosso corpo tem instinto de cura. Se aprendermos a usá-lo de uma forma melhor, podemos reparar as coisas e voltar ao estado de saúde. Às vezes remédios intrusivos são necessários para estimular esse mecanismo. Outras vezes, caminhos naturais conseguem o mesmo efeito", diz o neuropsiquiatra.

A hipótese de que o corpo é naturalmente orientado para a cura é vista com reservas. "Não acredito em mágica. Isso me parece simplista demais", avalia Marcelo Marcos Morales, presidente da Sociedade Brasileira de Biofísica e professor da UFRJ. "Mas acredito, sim, que o equilíbrio de nossas funções fisiológicas, proporcionado pelo equilíbrio emocional, alimentação saudável e uma vida regrada, possa propiciar o bom funcionamento do nosso organismo. Assim ele poderá responder mais adequadamente a injúrias a que estamos subordinados."

Ômega-3: alimento para o cérebro emocional



A falta de peixe à mesa pode ser a causa de diversas doenças, inclusive depressão pós-parto. É o que indicam estudos sobre o papel dos ácidos graxos essenciais ômega-3 na saúde. Esses ácidos, que o corpo não consegue fabricar, são um dos mais importantes constituintes do cérebro. Por isso são a principal nutrição que o feto recebe pela placenta, fazendo com que as reservas da mãe caiam drasticamente nas últimas semanas da gravidez. Na Europa e nos EUA, esse quadro é até 20 vezes mais freqüente do que nos países asiáticos, graças à diferença no consumo de peixe e marisco. A substância pode ser encontrada também em sementes ou óleo de linhaça.

Não são apenas as gestantes que ganham com a substância. Quando os ácidos ômega-3 são eliminados da dieta de ratos de laboratório, o comportamento dos animais muda rapidamente em poucas semanas. Eles se tornam ansiosos, param de aprender novas tarefas e entram em pânico em situações de estresse. Uma alimentação com baixo teor dessas gorduras também reduz a capacidade para o prazer.

Em artigo publicado na revista "Lancet", pesquisadores franceses mostraram que pacientes cardíacos seguidores de uma dieta rica em ácidos graxos ômega-3 tinham uma chance 76% menor de morrer nos dois anos seguintes de enfarte do miocárdio do que aqueles que seguiam uma dieta recomendada pela Associação Americana do Coração. Outras pesquisas documentaram que os ômega-3 protegem contra arritmias.

Mês passado, novos trabalhos demonstraram os efeitos desse nutriente em áreas ainda mais diversas, como a oncologia (o ômega-3 pode vir a ser utilizado no desenvolvimento de drogas para tratar o câncer de mama, por sua capacidade de inibir a ação das células cancerosas), a neurologia (ajuda a evitar a perda de memória associada ao mal de Alzheimer) e a osteologia (participa da formação e do crescimento dos ossos).

Funções interligadas



O cérebro humano continua sendo uma incógnita, mas é fato que as funções cerebrais desempenham papel fundamental na homeostase (equilíbrio das diversas funções e composições químicas do corpo). "Os distúrbios psicológicos podem levar a alterações endócrinas que alteram o metabolismo e a neurofisiologia", diz Morales. "Alguns hormônios, como os produzidos pela glândula adrenal nos casos de estresse, podem diminuir a imunidade do organismo, levando ao aparecimento de doenças. Esse é apenas um exemplo, entre vários. Ao mesmo tempo, quando os distúrbios emocionais são evitados, preservamos o funcionamento adequado do organismo. Enfermidades podem até ocorrer, mas com chances menores", afirma.

A verdade é que o corpo tem mecanismos de cura que a gente desconhece. Pacientes com doenças ditas incuráveis se recuperam e a ciência ainda não tem resposta para isso. Sabe-se que determinados métodos naturais e alternativos funcionam, mas muitos dos caminhos em si não são claros, porque não foram estudados. Só que na medicina tradicional acontece exatamente a mesma coisa. Por muitos anos a aspirina foi prescrita pelos médicos só porque surtia efeito, embora ninguém soubesse como.


Exercícios: antidepressivos feitos "em casa"




Atividades físicas nunca estiveram tão em alta. A epidemia mundial de obesidade levou a ginástica ao patamar de item indispensável para a qualidade de vida. Mas suar a camiseta traz mais benefícios do que aqueles relacionados à redução da gordura. O exercício é um tratamento eficaz para a ansiedade, por exemplo.

Na Universidade de Miami, um estudo examinou os efeitos do exercício em situações difíceis. Para o teste, foram avaliados pacientes na hora em que ficavam sabendo que eram HIV positivo. O que se observou foi que aqueles que se exercitavam regularmente eram mais imunes ao medo e ao desespero, o que segurou não apenas o seu equilíbrio emocional, mas seu sistema imunológico. Nessas pessoas, as células de defesa, que são altamente sensíveis às nossas emoções, continuaram trabalhando com força ou até mais agressivamente, ao contrário do que foi observado nos sedentários, que sofreram uma imediata paralisação na multiplicação dessas células.

Corridas também fazem bem a pessoas com depressão. Pesquisadores da Universidade Duke realizaram um estudo comparando os efeitos do jogging com os de um antidepressivo conhecido e descobriram que, após quatro meses, pacientes tratados com as duas abordagens estavam indo igualmente bem. A medicação não oferecia nenhuma vantagem particular sobre a prática da corrida. Um ano depois, mais de um terço dos pacientes que estavam tomando o remédio teve recaídas, contra 92% dos que se exercitavam.

Pessoas que se exercitam demonstram menor predisposição a doenças cardiovasculares e diabetes. Pacientes de câncer que participam de um programa desse tipo têm melhoras "robustas e clinicamente significativas" em sua saúde física e mental, de acordo com pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá. A prática ajuda na recuperação de dependência de substâncias químicas e até na regulação da atividade intestinal. Em um dos estudos mais surpreendentes, médicos afirmaram que a prática de esportes potencializa efeitos da quimioterapia, reduzindo o índice de mortalidade entre mulheres com câncer de mama.

domingo, 22 de agosto de 2010

Espanhol conta o que viveu em cativeiro russo

“Embajador em el infierno” é o título de um livro publicado em 1955, em Madrid, escrito a quatro mãos pelo capitão do Exército espanhol Teodoro Palacios Cueto e pelo jornalista, escritor e nobre madrilenho Torcuato Luca de Tena. Foi sucesso à época e vencedor do Prêmio Nacional de Literatura da Espanha. É a história dos 11 anos de cativeiro do capitão Palacios na União Soviética, desde sua captura em fevereiro de 1943, numa ofensiva russa perto de Leningrado, até sua repatriação, em março de 1954. Ele fazia parte da célebre Divisão Azul, força espanhola cedida por Franco a Hitler, quando da Operação Barba-Roxa, a invasão nazista da União Soviética.

Condenado a 25 anos de prisão por um tribunal soviético, como quase todos os prisioneiros de guerra feitos pelos russos em seu território, Palacios passou por 13 campos de prisioneiros, antes de ser devolvido à Espanha, na esteira do diálogo aberto por Kruchev após a morte de Stalin.

Além de lançar luz sobre um tema obscuro, o destino dos prisioneiros feitos pelos russos na 2ª Guerra, o livro mostra alguns aspectos da vida atrás da Cortina de Ferro. Um exemplo: o número de presos nos cárceres de Stalin, estimado por Palacios em suas andanças de prisão para prisão, e em conversas com prisioneiros russos (muitos deles garotos de até 11 anos) com que conviveu: 37 milhões, aproximadamente (nem a KGB tinha o número exato). Se abatermos desse total os 6 milhões de estrangeiros, prisioneiros de guerra, restavam mais de 30 milhões de cidadãos soviéticos (15% da população).

E quem eram eles? Palacios fala em três categorias: 1) Prisioneiros políticos, ou seja todos os que caíram na malha policial pelo que era chamado “desviacionismo”, algo que poderia significar qualquer coisa, desde uma conspiração pelo poder, até uma palavra mal posta numa conversa com um vizinho, denunciada por um olheiro do regime. Ou pertencer a alguma minoria (ser judeu, por exemplo) de que Stalin desconfiasse. 2) Bandidos (os blatnois) que agiam na enormidade geográfica da URSS, assaltando vilarejos, roubando gado. Segundo Palacios, eram numerosíssimos, graças às florestas e montanhas presentes na imensidão russa. 3)Os guerrilheiros políticos (os banderas) ainda existentes, na década de 1950, principalmente na Ucrânia e Bielorússia, apesar da enorme máquina repressiva de Stalin. Algo que Palacios afirma — e que era uma novidade à época — é o abismo entre a miséria da população e a riqueza da URSS. As obras suntuosas — como o metrô de Moscou — contrastavam com a falta de infraestrutura (energia, água tratada, esgoto) e de comodidades modernas (como geladeiras e outros eletrodomésticos), algo já banalizado no Ocidente na década de 1950. As enormes fábricas eram de material bélico, principalmente.

Outro aspecto que chamou a atenção de Palacios foi o da produtividade no campo. A despeito das terras fertilíssimas, desde Lênin, a URSS nunca conseguiu produzir alimentos na quantidade suficiente para alimentar seu próprio povo, sendo constantes as crises de fome, com milhões de vítimas. O completo desprezo pelos direitos e sentimentos individuais, era espantoso, para os padrões de qualquer ocidental.

Palacios, trabalhando em uma colheita de grãos, conheceu um grupo de jovens russas, que faziam o mesmo trabalho, perto de Vladmir, a leste de Moscou. Contaram a ele que pertenciam a um grupo treinado na guerra como motoristas de caminhão, 30 no total, para ali enviadas desde Odessa, 2 mil quilômetros ao sul, para dirigir os veículos de uma cooperativa agrícola.

Lá chegando, viram que, por um desses enganos da pesada e ineficiente burocracia soviética, outros motoristas já haviam ocupado as vagas. Foram então designadas para trabalhar como lavradoras. Por quanto tempo? Quis saber Palacios. Não sabiam. Talvez por toda a vida. Separadas das famílias? Sim. Quando poderiam rever os pais, irmãos, parentes? Não faziam a mínima ideia. Talvez nunca. Não acreditaram nele, quando disse que na Espanha cada um era livre para escolher o trabalho que melhor combinasse com sua vocação, e a cidade onde morar. Menos ainda quando ele disse que uma jovem espanhola poderia ter seu próprio carro e viajar para onde quisesse. Mas, e o “propus” (salvo-conduto)? Queriam saber. Não há salvo-conduto para viajar pela Espanha, explicou para as moças incrédulas, que respondiam: “— Mentira! Propaganda capitalista!”.

Palacios, na prisão,nunca se dobrou aos russos. Milagre ter sobrevivido.

O descaso com as plataformas

A situação de descaso com a manutenção das plataformas da Petrobrás motivou os sindicatos petroleiros. Nem eles estão satisfeitos com o baixo nível da administração dos “chefes” sindicalistas, catapultados para a diretoria da empresa. E com razão, pois o risco de acidentes é real, tanto assim que uma das plataformas, a P-33, foi interditada pela Agencia Nacional de Petróleo. Mas o problema existe também na P-21, na P-25, na P-31 e na P-35 (onde houve incêndio, dias atrás). Os sindicatos de Sergipe e Alagoas também acusam falta de manutenção em suas plataformas. A descapitalização da companhia é preocupante. A vasta propaganda de que a Petrobrás usa e abusa não é suficiente para enganar quem entende das coisas, no ramo acionário. O barulho que ela fez com seu lucro do ano passado, e o foguetório do pré-sal só impressionam eleitores pouco esclarecidos. Investidores gostam mesmo é de números (O maior especulador do mundo, George Soros vendeu, na semana passada, todas as suas ações da Petrobrás: 600 milhões de dólares). Monopolista, vendendo um dos combustíveis mais caros do mundo, a Petrobrás tem faturamento bem abaixo de congêneres pelo mundo. A Exxon, a Shell, a Chevron, a British Petroleum têm índices quase três vezes maiores, isto é, são quase três vezes mais eficientes. Ela só ganha das petroleiras russas Gaspron e Rosnet e da chinesa China NP, que ainda não se livraram de todo da ineficiente burocracia comunista. Com quase 80.000 funcionários, a Petrobrás faturou 92 bilhões de dólares no ano passado, e lucrou 16 bilhões. A Exxon, com 100.000 funcionários faturou 285 bilhões e lucrou 20 bilhões. A Exxon foi duas vezes e meia mais eficiente. Mas a Petrobrás foi relativamente mais lucrativa, diriam os petistas. Sim, mas vejamos o preço que o brasileiro paga pela gasolina e o que a Exxon cobra dos americanos. Não precisamos desestatizar a Petrobrás. Precisamos despetizá-la.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A carapuça me serviu

Por: Mariana Lourenço


Eu gostaria de ser POBRE somente UM DIA, por que ser POBRE todos os dias está muito complicado. Fico imaginando o dia a dia dos grandes empresários, candidatos ao senado, presidencia da republia, governo do estado e percebo que ainda somos realmente os pobres da história. Precisamos de grandes pessoas que aprendam como utilizar e administrar  a (arrecadação) imensa fortuna dos pobres brasileiros, e que parem de nos chamar de pobres. Pois se os nossos INVESTIMENTOS fossem revertidos em benefícios sociais seriamos tão iguais quanto a minoria rica, que tem outras oportunidades por causa do nosso dinheiro que é mal destribuído.

Se formos levar ao pé da letra os discursos e o dinheiro gasto numa camapnha política ficaríamos mais criticos com relação aos nossos candidatos. Eu vejo um certo progresso critico do tempo do voto do gabresco para hoje. Mas sinto que devemos amadurecer mais. Hoje li uma matéria que me fez pensar no porquê que até nós, comunicadores, deixamos passar certas palavras. Pobre é uma delas. Digo isso pelo fato da  palavra ser pejorativa. Trabalhei em uma capanha para prefeito que a candidata tinha o bom senso de dizer que a palavra povo é desagradavél para quem lê e para quem fala.

Na matéria a palavra pobre está no título sem o menor escrúpulo. Penso que quem menos podería continuar fazendo campanha com este discurso para pobre é o presidente. Por que o presidente era quem deveria extinguir a pobreza do país, para quem sabe, os maiores problemas desaparecerem. Cá pra nós, pobre é o maior problema que existe. Vamos combinar, pobre não tem condição para ter um plano de saúde, ou seja, depende da boa vontade do governo, mas o governo tem dinheiro para ir a um bom médico, portanto, ser pobre é um grande problema.   

Mas temos muita sorte, porque nós pobres estamos precisando de candidatos (trabalhadores) que não achem que estão presntando serviço para pobre, na realidade eles são nossos funcionários, não podemos deixar eles acharem que são donos do nosso dinheiro. Tomemos as rédias desta grande máquina que gira porque nós, maioria, existimos nela. Vamos gerir pessoalmente nosso dinheiro, porque pagamos muitos impostos, prova disso é o balanço divulgado pela Receita Federal que mostra que a arrecadação brasileira teve alta de 10,8%, recorde para julho deste ano. Na realidade somos nós, maioria pobre segundo eles, que somos empresários, senadores, governadores, prefeitos, secretários e presidentes. A minoria apenas nos representa e administra, muito mal por sinal, nosso dinheiro.

Espero que você não se ofenda como eu fiquei por ser, realmente, pobre segundo o nosso caro presidente Luis Inácio Lula da Silva e demais candidatos. Espero também que nós, companheiros e companheiras, cobremos e fiscalizemos a postura dos nossos trabalhadores na republica, para que possamos começar a desfrutar as nossas riquezas.

" Lula vai apresentar Dilma na TV como 'mãe' dos pobres "


http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=25228560

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ecologia e Missão

Por: Mariana Lourenço


A palavra ecologia pertence hoje ao vocabulário comum. Forjado o termo no fim do século XIX, veio lentamente ganhando cidadania até os dias atuais. Bela origem grega. Compõe-se de casa e ciência racional, de moradia e linguagem. Unimos duas experiências. Diante de nós está a casa em que moramos: o planeta Terra. Já não como simples animais que ocupam, voltamos para ela a nossa capacidade de pensar, de criar linguagem, de racionar, e então temos a ecologia.
A Terra e a razão permitem produzir inúmeros discursos e lucubrações. A Terra entra-nos pelos olhos. Nela moramos. É nossa casa. Um primeiro dever da razão nos impõe cuidar desse ambiente: ecologia ambiental. A etimologia de ambiente sugere sermos seres que giram em torno de sua moradia. E a observam cada dia.
Imaginemos morar num pequeno sítio. Cada manhã saímos e damos uma volta. Alegramo-nos com o florir das rosas, com o nascer das plantações, com os frutos sazonados, com a luzidia saúde dos animais. Enfim, circulamos pela nossa casa.
Pensemos o contrário. Cada manhã surpreende-nos algum desastre. As formigas acabaram com o roseiral, a seca matou as plantações, as pragas liquidaram com as frutas, as doenças mataram os animais. Quem ficaria então tranquilo, esperando que tudo morresse e depois viessa a miséria?
Ampliemos o quintal. Chamemo-lo de Terra. A ecologia ambiental nasce desses passeios, já não por um pequeno jardim, mas por todo o planeta. O ambiente desfigura-se. A qualidade de vida se degrada. Destroem-se espécies de plantas e animais, ameaçando a biodiversidade. Numa palavra, o ambiente que nos circunda se deteriora a ponto de ameaçar a vida da humanidade. Então surge o grande grito: salvemos o ambiente para que vivamos! Ecologia ambiental.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Direitos Humanos debate diretrizes de comunicação do PNDH 3

Fonte: Agência Câmara

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias realiza nesta quinta-feira (6) seminário sobre as diretrizes de comunicação do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3). O plano, lançado pelo governo em dezembro de 2009, propõe a criação de um marco legal para garantir o respeito aos direitos humanos nos serviços de radiodifusão, a suspensão da publicidade oficial em emissoras que veiculem programas antiéticos, a implementação de medidas de acesso aos portadores de necessidades especiais em programas de rádio e TV, entre outros pontos.



Ética na TV

No evento, também será lançado o 17º ranking da campanha "Quem financia a baixaria é contra a cidadania". A campanha, lançada em 2002 pela comissão em parceria com entidades da sociedade civil, reúne denúncias e promove ações contra emissoras que veiculem programas que desrespeitem os direitos humanos. No evento de quinta, serão listados os cinco programas televisivos mais denunciados pelos telespectadores nos últimos quatro meses.


O encontro foi proposto pelos deputados Iriny Lopes (PT-ES) e Pedro Wilson (PT-GO). Os parlamentares lembram que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias participou de forma ativa da elaboração do PNDH3, que hoje é alvo de polêmica. Segundo Lopes e Wilson, as diretrizes mais criticadas no plano "por segmentos conservadores da sociedade brasileira" foram aquelas que tratam da comunicação.

Patrões querem autorregulamentação nas atividades de imprensa

Raposa no galinheiro

Fonte: FENAJ

Autorregulamentação é a proposta da hora para os donos da mídia. Apresentada na 5ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Imprensa, realizada nesta terça-feira (04/05) na Câmara dos Deputados e reproduzida em outros eventos organizados por empresários do setor e em grande parte dos veículos de comunicação do país. Defensor da proposta, o 1º vice-presidente da Associação Nacional dos Editores de Revistas (ANER) e diretor do Grupo Abril, Sidnei Basile, atacou a proposta do Conselho Federal de Jornalismo, defendida pela FENAJ e Sindicatos de Jornalistas, caracterizando-a como cerceadora da liberdade de expressão.

Promovida pela Câmara de Deputados em parceria com a Associação Nacional de Jornais (ANJ), Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a 5ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Imprensa debateu o tema “Mídia e Democracia Representativa".

A proposta apresentada por Sidnei Basile já vem sendo aventada em outros fóruns e eventos organizados pelos empresários de comunicação. Mas ainda não é assumida oficialmente por algumas das entidades. Embora tenha declarado à imprensa que é “francamente favorável”, a presidente da ANJ, Judith Brito, diz que a entidade ainda está discutindo a questão e terá uma posição em breve. Indisfarçável é a identidade entre tal proposição e a manifestação do ministro do STF Gilmar Mendes quando expressou, em 17 de junho do ano passado, seu voto pela derrubada da exigência do diploma como requisito para o exercício do jornalismo.

Sustentando que a autorregulação é uma alternativa de aperfeiçoamento do trabalho da imprensa e de se evitar restrições à circulação de notícias, Basíle apontou a proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo como uma das tentativas recentes de cerceamento à liberdade de expressão. Encaminhado à Câmara dos Deputados em 2004 pelo governo Federal a pedido da FENAJ, o projeto, que recebeu emendas da própria FENAJ, esclarecendo que tratava-se de um Conselho Federal de Jornalistas, foi arquivado após recuo do governo às pressões dos empresários de comunicação e acordo de lideranças da Câmara.

Naquele período, além do CFJ, os donos da mídia combateram a proposta de transformar a Agência Nacional de Cinema (ANCINE), em Agência Nacional do Cinema e Audiovisual (ANCINAV) com o indisfarçável objetivo de evitar qualquer tipo de fiscalização e regulação democrática.

Liberdade de empresa

“A proposição do Basile é a velha posição dos patrões, que confundem deliberadamente liberdade de imprensa com liberdade de empresa”, reagiu o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade. “A autorregulação que eles querem é a submissão da liberdade de imprensa a seus objetivos políticos e econômicos” completou, sustentando que a proposta do CFJ, mais que um instrumento de valorização da profissão é uma iniciativa para garantir informação de qualidade à sociedade, pautada em princípios democráticos e éticos. Para o coordenador do FNDC (Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação), Celso Schroder os empresários brasileiros seguem na contramão da história. “O mundo inteiro caminha para a definição de regras e normas públicas que assegurem a responsabilidade social da mídia, no Brasil esse debate ou é sabotado ou manipulado grosseiramente pelo empresariado”, denuncia Schroder

Comissão especial da PEC dos Jornalistas será instalada nos próximos dias


Por: Mariana Lourenço

A Comissão Especial que vai dar parecer à Proposta de Emenda à Constituição 386/09, a PEC dos Jornalistas, será instalada nos próximos dias. A Secretaria Geral da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados recebeu, na última quarta-feira (05/05), determinação do presidente da Casa, Michel Temer (PMDB/SP), para solicitar aos partidos que façam as indicações a que têm direito e instalar a Comissão.

O autor da PEC 386/09, deputado Paulo Pimenta (PT/RS), e o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, mantiveram contato com Temer no plenário da Câmara dos Deputados na quarta-feira (05/05). Informaram que os partidos e blocos já haviam feito a maioria das indicações e solicitaram a instalação da Comissão Especial.

Aprovada na Comissão de Constituição e Justiça em novembro do ano passado, a PEC dos Jornalistas altera dispositivos da Constituição Federal para estabelecer a necessidade de curso superior em jornalismo para o exercício da profissão. Segundo Paulo Pimenta, o presidente da Câmara revelou que esta será a “última chamada” aos partidos e que a Comissão será instalada mesmo que as lideranças não façam as indicações que ainda restam.

Dos 18 membros titulares que comporão a Comissão Especial já foram indicados 13. Falta a indicação de um titular e 3 suplentes do bloco PMDB/PT/PP/PR/PTB/PSC/PTC/PTdoB, 3 titulares e 5 suplentes do bloco PSDB/DEM/PPS, um titular e um suplente do PV e um suplente do PSOL. O PSB/PDT/PCdoB/PMN já fizeram todas as indicações a que tinham direito (2 titulares e 2 suplentes).

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O que prejudica o Brasil

Por: Mariana Lourenço

A direita brasileira continua muito atuante, tem uma agenda própria e articula ataques em várias frentes contra o que pode ameaçar seus interesses. O oligopólio da mídia neoliberal-burguesa expressa exatamente o que quer e o que faz a direita, que atua nas instituições públicas, nos poderes da República, nos bastidores da política e da economia. A direita cuida especialmente da defesa do capital, das vantagens econômicas do empresariado, dos privilégios patrimoniais das elites e do poder político das oligarquias.

Desde o final do ano passado a direita brasileira cerrou fileiras para enterrar de vez o esclarecimento dos crimes praticados pelo Estado na ditadura militar (1964-1985), em especial o que foi suscitado pelo 3º Programa Nacional dos Direitos Humanos, lançado em dezembro, e que levou o presidente da República a fazer alterações ao gosto dos setores mais reacionários. A direita não quer saber de Comissão da Verdade e da Justiça, não quer passar a limpo a história da prisão, tortura, morte e desaparecimento de opositores políticos.

A direita ataca as propostas de democracia participativa, tudo o que possa aperfeiçoar o sistema representativo e assegurar ao povo o papel de sujeito da história. A direita critica a realização de conferências nacionais que possibilitam a formulação de políticas públicas, assim como as propostas de plebiscitos e referendos para as grandes definições nacionais.

Amarrada aos pontos do Consenso de Washington, mesmo com o fracasso e a crise do neoliberalismo em todo o mundo, notadamente na América Latina, a direita brasileira continua defendendo a privatização de serviços públicos, rodovias, portos, aeroportos, educação e saúde – apesar da péssima prestação de tais serviços pelas empresas privadas.

Ao mesmo tempo rejeita, com muita força, todas as medidas que possam melhorar as condições de vida e trabalho do povo brasileiro. No momento, ataca a redução da jornada de trabalho para 40 horas e a mudança nos critérios das aposentadorias. A direita não tem o menor interesse que os trabalhadores conquistem uma vida com dignidade, que as leis trabalhistas sejam cumpridas.

A direita não se importa com a construção de um País mais justo, que assegure igualdade de oportunidade para todos, que amplie direitos, que trate do bem-estar das pessoas antes do lucro e do sucesso das empresas. Conhecer mais sobre a direita é identificar quem realmente tem prejudicado o Brasil.

Esperança de “cambio” na Colômbia

Por: Jadson Oliveira

Depois da vitória eleitoral da direita no Chile e Panamá, da consolidação do golpe em Honduras e da derrota dos Kirchner na última eleição legislativa na Argentina, as forças progressistas e de esquerda da América Latina respiram esperançosas com a perspectiva de mudança na Colômbia, que elege no próximo dia 30 de maio seu novo presidente.

O atual, Álvaro Uribe, que foi derrotado na pretensão de disputar a segunda reeleição, transformou o país no posto avançado do ainda poderoso império estadunidense na região (uma espécie de Israel no Oriente Médio), colocando a Colômbia na contramão da política de integração soberana predominante na América do Sul. Seu governo se manteve ostentando muita força, graças ao apoio financeiro, militar e midiático dos Estados Unidos, apesar do bombardeio sofrido com as constantes denúncias sobre o envolvimento com grupos de traficantes e paramilitares, bem como com a ação de espionagem contra os opositores.

Seu caráter “guerrerista” e terrorista tem sido fundamental para a sua manutenção, daí o boicote às iniciativas que poderiam conduzir a uma política de diálogo e paz com os grupos armados insurgentes, como é o caso das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Tal caráter é, no entanto, escondido pela mídia internacional, incluindo, claro, a brasileira, sempre subserviente às bulas imperiais.


Pesquisa prevê derrota de Uribe

Há uns seis meses atrás seria temeridade se prever a não reeleição de Uribe ou o insucesso de um candidato do seu Partido Social de Unidade Nacional (“Partido de la U”, a sua sigla oficial, o que leva os colombianos a conhecê-lo como “partido de Uribe”). Pois é o que parece estar pintando. Primeiro, a segunda reeleição foi derrubada na Justiça. Agora, a um mês do pleito, o seu candidato, Juan Manuel Santos (seu ex-ministro da Defesa e cuja família é dona de um poderoso monopólio de comunicação), aparece em segundo lugar em recente pesquisa da empresa Datexco, com 26,7% das intenções de voto, segundo matéria do sítio da TV Telesur.

Quem surge em primeiro lugar, com 38,7%, é Antanas Mockus (Partido Verde), filósofo e matemático, ex-prefeito da capital do país Bogotá por duas vezes. No caso do provável segundo turno (eles chamam “segunda vuelta”), Mockus teria 41,5% e Santos 29%, de acordo com a mesma pesquisa.

Quase 10% dos pesquisados preferiram Noemín Sanín, do Partido Conservador. Aparecem mais três candidatos na faixa dos 2% e 3%, entre eles Gustavo Petro, do Polo Democrático, e Rafael Pardo, do Partido Liberal, partido que na pesquisa é apontado como o preferido dos eleitores (neste aspecto, o “Partido de la U” fica também em segundo lugar, enquanto o Partido Verde é o terceiro). Ao todo são nove candidatos, os outros três ficam no 0%.

A Datexco aponta ainda que 3,3% dos quase 30 milhões de eleitores votariam em branco, enquanto 10,6% não sabem ainda em quem votar. A consulta foi aplicada em 37 cidades entre os dias 27 e 29 de abril e foram consultadas 2.225 pessoas. A margem de erro é 2,12%.

Colômbia tem 44 milhões de habitantes. Depois do Brasil, é o país mais populoso da América do Sul. Recentes estudos da sua realidade social indicam a existência de cerca de 19 milhões de miseráveis, dos quais 7 milhões afundados na chamada miséria absoluta. Conselho de Maquiavel em O Príncipe: é conveniente manter o povo pobre e dependente, pois assim é mais difícil ele se encorajar e desafiar o “príncipe”.

JORNALISTAS PERSEGUIDOS NA TV GLOBO

Eu li este texto pela primeira vez em abril de 2007, e resolvi publica-lo aqui por me parecer bem peculiar com a atual realidade das redações nos jornais.



Embora a direção negue, está cada vez mais evidente a perseguição política aos jornalistas que não concordam com a linha editorial da emissora. Leia aqui os bastidores das demissões, das ameaças e da reunião de Ali Kamel com editores do Jornal Nacional num hotel onde a diária não sai por menos de R$ 600,00. E veja também onde o oligopólio da mídia entra nessa história

Por: Marcelo Salles - salles@fazendomedia.com

Avenida das Nações Unidas 13.301. Este é o endereço do novo distrito empresarial da Marginal Pinheiros, onde se encontra o Hotel Grand Hyatt São Paulo, um dos mais luxuosos da cidade. Se você quiser dormir ali, terá que desembolsar no mínimo 600 reais. Por noite. Em compensação, dormirá ao lado de "importantes centros empresariais, comerciais e financeiros, além dos Shoppings Morumbi, Market Place e D&D", como informa a página oficial do hotel na internet. Há outras vantagens. Por exemplo, não é preciso se hospedar na suíte diplomática (R$ 1.600,00 por noite) para desfrutar dos magníficos travesseiros "king-size e edredons de pena de ganso, não alérgicos" ou da "roupa de cama 100% algodão egípcio". Eles estão em todos os apartamentos.

Foi no Grand Hyatt que Ali Kamel, diretor-executivo de jornalismo da TV Globo, decidiu se reunir em meados de março com editores do Jornal Nacional. O encontro-almoço foi realizado no Restaurante japonês Kinu, onde o preço do rodízio por pessoa fica em R$ 60,00. Seu folheto afirma que o "restaurante Kinu oferece um ambiente em que predominam as cores e formas do oriente. Essa atmosfera de modernidade faz um contraponto com a cozinha de Yasuo Asai, chef japonês que procura reproduzir em suas criações a autenticidade da culinária japonesa tradicional. No Kinu, o sabor do Japão está presente nos sushis e sashimis, nos pratos quentes e também no menu de sobremesas, todas sugestões acompanhadas de uma carta de saquês única no país".

Entre um sushi e outro, Kamel deixou claro que seu objetivo era desanuviar o clima. Sempre de maneira muito polida, afirmou que a TV Globo é uma empresa democrática, pluralista e que nunca iria fazer jogo partidário.

O editor de economia do Jornal Nacional em SP, Marco Aurélio Mello, estava presente. Ele havia sido um dos jornalistas a se recusar a assinar o abaixo-assinado preparado por Kamel com o objetivo de negar que a Globo havia tentado influenciar o resultado das eleições. O jornalista, assim como outros que estiveram presentes à reunião, entendeu a atitude de Kamel como uma proposta de trégua. O diretor da Globo chegou a colocar seu endereço eletrônico à disposição da equipe e incentivou que escrevessem sempre que tivessem alguma reclamação.

No dia 23 de março, Marco Aurélio tomou um susto. O chefe de jornalismo em São Paulo, Luiz Cláudio Latgé, avisou que ele estava demitido. Latgé teria dito que após uma avaliação interna de seu trabalho, concluiu-se que seu perfil não era mais compatível com a empresa. Funcionário da casa há 12 anos, Marco Aurélio Mello foi editor do Jornal Nacional durante quatro anos e do Jornal da Globo por outros três. Era ele quem ajudava a pautar Franklin Martins, que ficava em Brasília.

De acordo com um jornalista da TV Globo, que preferiu não se identificar, antes do primeiro turno das eleições presidenciais, Marco Aurélio havia comentado que tinha recebido a orientação de que deveria "pegar leve" com os indicadores econômicos que pudessem ser interpretados como pró-governo.

Estado de choque

No dia seguinte à demissão, 24 de março, Marco Aurélio foi internado às pressas no Hospital Santa Casa de Vinhedo. Segundo um parente, ele estava em "estado de choque devido à crueldade da demissão". Para piorar a situação, sua esposa estava grávida de nove meses e teria o bebê em breve. Marco teve alta no mesmo dia, com a recomendação de manter repouso absoluto, sem se exaltar e sem se submeter a qualquer condição de estresse durante dez dias.

Na segunda-feira, dia 26 de março, escrevi um correio eletrônico para o chefe de jornalismo da TV Globo em São Paulo com as seguintes perguntas: é verdade que o jornalista Marco Aurélio Mello foi demitido por "não se adequar ao perfil da empresa"? Se for verdade, qual seria o perfil da empresa? E se não for verdade, por qual motivo ele foi demitido? É verdade que o Aurélio era um dos jornalistas que não havia concordado em assinar o abaixo-assinado em defesa da cobertura das eleições? É verdade que há um clima de medo entre alguns jornalistas da TV Globo em São Paulo?

Primeiro, recebi uma resposta automática: "Estarei fora a partir deste sábado, 24, e até a próxima sexta-feira, 30, num curso da Fundação Dom Cabral, em Belo Horizonte. Neste período, a Cris Piasentini responde pela Redação". Em seguida, recebi uma ligação da Central Globo de Comunicação. Uma moça muito gentil perguntou se eu havia solicitado informações sobre o Marco Aurélio e eu repeti as perguntas. Ela disse que a única informação que foi passada a ela é que o jornalista foi demitido devido a mudanças operacionais e remanejamento interno da equipe. Insisti um pouco e ela acabou dizendo que a demissão teria acontecido porque a empresa abriu novas vagas. Eu disse que era estranho, porque se a empresa estava contratando, não deveria haver razão para demissões.

Cerca de uma hora depois, Luiz Cláudio Latgé respondeu genericamente às perguntas que eu havia enviado pelo correio eletrônico: "O clima é ótimo na Redação. O Aurélio não foi o único a não assinar o documento. Outros não assinaram e continuam trabalhando normalmente e contamos com eles. Na redação, o clima é positivo, diante dos novos desafios propostos a vários profissionais a quem, por seus méritos, foram confiadas novas missões na Redação".

A versão de Latgé é contestada por mais de um funcionário da TV Globo de São Paulo. Estes insistem que há um clima de medo na Redação, sobretudo entre aqueles que se recusaram a assinar o abaixo-assinado em defesa da empresa. Há quem fale em "caça às bruxas". No mesmo dia em que Marco Aurélio era internado, seu pai, também jornalista, divulgou uma carta de solidariedade em seu blogue: "Um jornalista não pode se sujeitar a coação de assinar manifesto político, com o qual não concorda, ainda que perca sua vida. Daí a minha grande dúvida, nenhum emprego por mais valioso que seja, por mais amor que a ele se tenha, como você tinha, pode ser mais valioso que a própria vida, principal direito inalienável da pessoa humana. Parabéns pela sua atitude".


Contextualizando

Tudo começou no dia 29 de setembro do ano passado. Na antevéspera das eleições presidenciais, um Boeing da Gol caiu e matou 154 pessoas. Foi o maior acidente da história da aviação brasileira. Entretanto, o Jornal Nacional não divulgou a notícia e reservou a maior parte de seu noticiário à cobertura eleitoral, sendo 8 minutos para as notícias sobre o então famoso Dossiê. O sentido das reportagens era claro: prejudicar a imagem do PT e favorecer a candidatura do PSDB.

A revista CartaCapital (18/10/2006), em reportagem assinada por Raimundo Pereira Rodrigues, registrou com detalhes a manobra do Jornal Nacional. Raimundo conta que a TV Globo foi beneficiada pelo delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno, que preparou uma cópia exclusiva do CD que continha as fotos do dinheiro que seria usado para comprar o Dossiê e negociou a exibição do material no principal telejornal da Globo.

Ali Kamel escreveu uma resposta, publicada como matéria paga em CartaCapital e divulgada pelo Observatório da Imprensa. Outros veículos eletrônicos cobriram amplamente a questão e entre 358 comentários de internautas, apenas 21 defendiam Kamel enquanto 337 o criticavam. Não satisfeito, o diretor-executivo de jornalismo da TV Globo fez circular um abaixo-assinado em defesa da cobertura da emissora entre os jornalistas da casa. Alguns se recusaram a assinar e outros solicitaram que seus nomes fossem retirados, após perceberem o uso político que poderia ser feito do documento.

Fontes dentro da emissora revelam que no dia em que o abaixo-assinado circulou na redação de São Paulo, Marco Aurélio tomou a iniciativa de ligar para o chefe de redação, Mariano Boni, pedindo que o nome dele e de outros colegas fossem retirados. Boni, ao sair da sala, teria desabafado diante de um grupo de funcionários: "Quem não estiver contente que pegue o boné e vá para a TV Record".

No dia 19 de dezembro do ano passado, Rodrigo Vianna, repórter especial da TV Globo durante doze anos, foi o primeiro a receber a notícia de que não teria seu contrato renovado. Em uma carta enviada aos colegas, Rodrigo afirmou que o clima estava insuportável. E denunciou que "Nunca, nem na ditadura (dizem-me os companheiros mais antigos) tivemos na Globo um jornalismo tão centralizado, a tal ponto que os repórteres trabalham mais como bonecos de ventríloquos, especialmente na cobertura política!".

Sobre a cobertura das eleições, ele confirmou a manipulação dos chefes. "Intervenção minuciosa em nossos textos, trocas de palavras a mando de chefes, entrevistas de candidatos (gravadas na rua) escolhidas a dedo, à distância, por um personagem quase mítico que paira sobre a Redação: "o fulano (e vocês sabem de quem estou falando) quer esse trecho; o fulano quer que mude essa palavra no texto".

Luiz Cláudio Latgé veio a público responder a carta de Rodrigo. Em seu texto, ele tenta desqualificar o jornalista. Latgé escreve: "Lamento que [Rodrigo] tenha perdido o equilíbrio e tentado transformar um assunto funcional interno numa questão política, que jamais existiu. A confusão de idéias que o Rodrigo Vianna expressa deve ter razões pessoais e compromissos que não nos cabe julgar. Peço desculpas aos colegas pelos ataques e ofensas por ele dirigidos". Em entrevista exclusiva ao Fazendo Media, Rodrigo conta que foi obrigado a pular a catraca eletrônica para poder sair da empresa. "Parece coisa de senhor de engenho". Além disso, o ex-repórter da Globo conta dois episódios em que reportagens suas foram censuradas.

No mesmo período, o comentarista Franklin Martins foi afastado da TV Globo. Durante o período eleitoral, o jornalista demonstrou equilíbrio em seus comentários e se recusou a repetir o coro da maioria dos comentaristas, na linha "o PT inventou a corrupção no Brasil". Antes de sair de férias, Franklin fora avisado que estava tudo bem, que ele poderia ir tranqüilo. Havia a preocupação com dois textos publicados contra ele por Diogo Mainardi, na revista Veja. Quando Franklin voltou, recebeu a notícia de que seu contrato não seria renovado. Em entrevista à Caros Amigos, ele descreveu o momento da seguinte maneira:

"Ó, Franklin, nós fizemos uma pesquisa qualitativa muito grande, vários grupos aqui, todos os jornais, todos os telejornais, todos os âncoras, os comentaristas e tivemos uma surpresa: a sua imagem diante do telespectador é fraca". Eu olhei: "Como é que é?" "É, sua imagem é fraca." [...] me estenderam um papelzinho que tinha uma foto minha e cinco tópicos do que a qualitativa tinha dito a meu respeito. A primeira era assim: "Alguns entrevistados não souberam dizer quem era". A outra dizia: "Fala sobre as coisas da política, as coisas de Brasília". Terceiro: "Dá menos opinião e mais informação" - o que considero um extraordinário reconhecimento do que eu quero fazer como profissional. Quarto: "Faz comentários muito equilibrados" - a mesma coisa. E eu digo: "Bom, e aí?" "E aí nós pensamos melhor, eu pensei melhor, e decidi não renovar o seu contrato." Eu digo: "Espera aí, conta outra!" "Não, não, é isso." "Ó, fulano (pede que não coloquemos o nome), eu saí de férias você dizendo que minha posição é consolidada; agora você diz que saiu numa pesquisa uma coisa assim, todo mundo vai achar evidentemente que tem alguma coisa a ver com o Diogo Mainardi. Tem alguma coisa a ver com isso?" "Eu sou peremptório, não tem nada a ver com isso." "Mas todo mundo vai achar que tem, e aí?" "Não, não." Aí eu olhei: "Então não há o que discutir, mas é o seguinte: tenho o Fatos e Versões pra gravar amanhã, como é que faz?" "Não, você não precisa gravar mais nada na TV Globo." "Está vendo, é alguma coisa diferente de a minha imagem estar fraca, porque, se minha imagem estivesse fraca, talvez você tivesse dito: 'Você não quer ficar na Globo News, fazer alguma coisa?' Não, alguma coisa aconteceu que eu não sei o que é e você não quer me dizer, e acho que devia me dizer." "Não, não." "Então está bom".

Outro que não ratificou a posição da emissora foi o repórter Carlos Dornelles, que pediu para não cobrir política em 2006 porque já havia entrado em conflito com Ali Kamel, de acordo com funcionários da empresa. Em outubro, Dornelles concedeu uma entrevista no Rio Grande do Sul afirmando que "os barões da imprensa deveriam ser investigados". Em virtude de sua afirmação, ele teria sido chamado por Latgé para se explicar. Como não recuou, foi deslocado para o Globo Rural. Outro repórter teria dito para Latgé, na frente de outras pessoas, que a cobertura da Globo estava vergonhosa. Foi colocado na "geladeira".

A emissora vem adotando basicamente duas táticas para remover de seus quadros os jornalistas que não concordam com sua linha editorial. Uma é a desqualificação pública via terceiros, seguida de uma justificativa do tipo "sua imagem não está boa junto ao público". A segunda tática é garantir ao demissionário que está tudo bem, que ele não será demitido. A pessoa se tranqüiliza, continua a produzir normalmente e se sente segura para mostrar sua maneira de pensar - o que certamente será observado pelos chefes. Após esse relaxamento, quando a notícia chega, a pessoa fica sem reação e não consegue articular uma defesa. Não é raro que entre em estado de choque e, conforme sua estrutura psicológica, pode cair em depressão. São raríssimas as atitudes como a de Rodrigo Vianna, que conseguiu colocar o pensamento em ordem e divulgar uma carta revelando as manipulações na cobertura eleitoral da TV Globo. Sua defesa, articulada, causou grande desgaste à imagem da emissora.

Assim como em 1982, durante as eleições para o governo do RJ, e em 1989, para a presidência da República, a Rede Globo usou sua força política para influenciar o resultado de um processo eleitoral. O que na época foi denunciado por observadores externos, agora se confirma a partir da entrevista com Rodrigo Vianna, além de depoimentos de funcionários assustados e demissões de jornalistas que manifestaram sua discordância em relação à linha adotada pela Globo na cobertura eleitoral.

As demissões podem até ser discutidas a partir do caráter privado da empresa. Mas este não é o único. A Globo não é apenas uma empresa privada. É uma empresa privada que opera uma concessão pública e, como tal, deve estar subordinada ao controle público. Além disso, a informação é um bem público e não pode sofrer clivagens de mercado ou ideológicas. Sobre as relações trabalhistas, cabe aos órgãos competentes - Ministério Público, Ministério do Trabalho, Justiça do Trabalho - verificar esses contratos de Pessoa Jurídica cada vez mais utilizados pelas emissoras privadas para fugir dos encargos trabalhistas. O poder público deve coibir e multar as empresas que fazem uso deste recurso, o que acaba mantendo os funcionários sob tensão a cada renovação de contrato.

A questão trabalhista da TV Globo esbarra no problema central da televisão aberta brasileira. Trata-se da existência de um oligopólio composto por seis grupos privados que controlam todo o conteúdo produzido e distribuído num país com 190 milhões de pessoas. Além de contrariar o artigo 220 da Constituição Federal, é sabido que nenhum setor concentrado desta forma pode oferecer uma quantidade satisfatória de empregos ou estabilidade para os funcionários.

Há também um outro aspecto a ser levado em consideração, que diz respeito ao caráter do setor. As empresas de comunicação não são como as indústrias de automóvel, ferro, carvão ou petróleo. Além de produzirem bens tangíveis, que podem ser comercializados (novelas, filmes, esportes, carnaval, etc.), esses artigos possuem um capital subjetivo poderosíssimo. Tão poderoso que conferem a seus detentores a responsabilidade por transmitir formas de sentir, pensar e viver a cada indivíduo e, conseqüentemente, lhes garante o poder de interferir em toda a sociedade. Assim, tanto é possível legitimar editorialmente genocídios quanto erradicar o analfabetismo. Só depende do uso que se faz dos meios de comunicação e, em especial, da televisão.

Como disse Eugênio Bucci, no livro Brasil em tempo de TV, página 17: "O que temos hoje no Brasil, na era da globalização, é ainda o produto daquele velho projeto autoritário: a gente brasileira, condenada à desigualdade, com a pior distribuição de renda do mundo, é o país que vibra unido na integração imaginária: na Copa do Mundo, no final da novela, na morte do ídolo do automobilismo, na 'festa cívica' das eleições presidenciais. Não por acaso, todos esses momentos de confraternização são espetáculos de TV".


 

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Entidades do jornalismo defendem diploma e novas diretrizes curriculares

Foto: Gerson Martins

Por: Paulo Roberto Botão

O 9º Pré-Forum Fenaj, realizado nesta quarta-feira (21), no Hotel Atlante Plaza, em Recife, teve como tônicas da defesa da proposta de novas diretrizes curriculares para o ensino do jornalismo e da retomada da exigência do diploma de graduação específico para o exercício da profissão. A atividade integra a programação do 13° Encontro Nacional de Professores de Jornalismo, organizado pelo FNPJ (Fórum Nacional de Professores de Jornalismo).

Integraram a mesa de debates os presidentes do FNPJ, Edson Spenthof, da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), Carlos Franciscato, e da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade, com a mediação do jornalista Ricardo Melo, professor da Unicap, vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de Pernambuco e diretor do FNPJ.

Spenthof defendeu a proposta de diretrizes curriculares em tramitação no CNE (Conselho Nacional de Comunicação), classificada como “um alento” em um ano marcado por perdas para o jornalismo, como a revogação da Lei de Imprensa e da obrigatoriedade do diploma, nos dois casos em decisões do STF. Em sua opinião, a proposta tem como principal mérito o de fortalecer a especificidade do ensino de jornalismo, condição importante inclusive para permitir que dialogue de forma autônoma com as demais áreas da comunicação.

O presidente do FNPJ criticou a decisão do STF sobre o diploma. Ressaltou que a corte demonstrou desconhecimento da profissão e de conceitos básicos da comunicação. “A liberdade de expressão foi confundida com o exercício da profissão, com prejuízo da liberdade de expressão”, disse.

A defesa da proposta de novas diretrizes curriculares para o ensino de jornalismo, elaborada no ano passado sob a liderança do professor José Marques de Melo, foi o principal ponto da fala do jornalista Carlos Franciscato, da SBPJor, que criticou pontualmente a maioria dos argumentos que vem sendo levantados ao documento. Em sua opinião, o documento garante um avanço enorme à pesquisa e ao ensino de jornalismo, ao garantir a constituição de um curso específico.

Golpe

O tema também foi tratado pelo presidente da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade, que criticou pessoas e organizações que estão se posicionando contra o documento, e que não apresentaram contribuições quando da sua elaboração, apesar de ter havido um processo amplo e participativo. “Não participaram e agora atuam para boicotar o processo. Isto é golpe”, enfatizou.


Andrade também defendeu a implantação imediata das decisões da 1ª. Conferência Nacional de Comunicação, entre as quais a nomeação do Conselho Nacional de Comunicação e o início dos debates sobre o um novo marco regulatório para a comunicação no país, que substitua a revogada Lei de Imprensa. “Precisamos de normas específicas para regular o funcionamento da mídia no Brasil”, disse.


O jornalista foi também enfático na crítica à decisão do STF sobre o diploma de jornalismo. “O critério para ser jornalista hoje é estar vivo”, ironizou. Mostrou, por outro lado, otimismo em relação às várias alternativas de luta para reverter a decisão, entre as quais destacou as propostas de emenda à Constituição apresentadas na Câmara dos Deputados e Senado. Em sua opinião existe um clima favorável no Congresso, mas é preciso que as escolas de jornalismo, os estudantes e as entidades do setor mantenham a mobilização e o debate com a sociedade sobre a importância da profissão.


Diretor do MEC defende formação específica em jornalismo

Foto: Gerson Martins
 
Por: Paulo Roberto Botão

O diretor de regulação e supervisão da Educação Superior do MEC, Paulo Roberto Wollinger, defendeu, em palestra a coordenadores de cursos de jornalismo de todo o país, em Recife, nesta quarta-feira (21), a implantação de um curso de bacharelado em jornalismo. A idéia, que está consolidada na proposta de novas diretrizes curriculares da área, foi apresentada durante o 4º Encontro Nacional de Professores de Jornalismo.
 
“O MEC defende que cada curso tenha identidade de formação”, salientou Wollinger, antes de enumerar vantagens da implantação de um curso específico em jornalismo, fora do âmbito das habilitações da comunicação. Segundo o palestrante, o bacharelado em jornalismo permite o aprofundamento do conhecimento específico sobre a profissão, permite aos estudantes uma escolha com mais precisão e, ao reforçar o jornalismo deve, ao contrário do que muitos pensam, fortalecer também a grande área da comunicação.

A proposta de criação do curso de bacharelado em jornalismo, segundo Wollinger, vai ao encontro de uma tendência defendida pelo próprio MEC, que trabalha no sentido de dar identidade aos cursos de graduação e de redução dos formatos que prevêem habilitações. “A tendência é acabar com as habilitações”, disparou. Referindo-se aos bacharelados em comunicação ainda justificou: “Não é possível que o estudante consiga dar conta de todo o conhecimento das diversas áreas da comunicação”.

Em reação ao documento que apresenta as novas diretrizes, já encaminhado pelo ministro da Educação ao CNE, Wollinger observou que se trata de uma boa proposta, bem escrita e elaborada em um processo aberto e com ampla participação das comunidade e dos setores envolvidos. A expectativa do MEC é que seja aprovado ainda neste ano, com possibilidades de implantação nas escolas a partir de 2011 ou 2012.